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O corpo de Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, foi velado ontem (29), em Teresina. Ela foi morte após ser estuprada e ter o pescoço quebrado durante uma calourada na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Janaína é mais uma vítima do machismo intrínseco na sociedade brasileira. Enquanto debates sobre a melhora na segurança das universidades públicas são levantados, a questão central é 'até quando o patriarcado vai torturar e matar nossas mulheres'?
Janaína teve seus momentos de agonia dentro de uma instituição de ensino, provavelmente vítima de um aluno e não de um invasor. Talvez alguém que até confiasse. Em quantas gerações os homens vão deixar de exercer seu "podre poder" sobre o corpo das mulheres.
“Era muito estudiosa. Só vivia pra estudar. Gostava muito de ler, falava que um dia iria escrever um livro. Assim que entrou na universidade, precisava muito de um computador e, sem ter condições, começou a fazer bolos no pote pra vender e conseguir comprar”, contou Andreza, prima da jovem ao G1. “A mãe dela fazia de tudo pra ajudar. A mãe saia de um lado, Janaína pra outro pra vender os bolos. Até que conseguiu juntar o dinheiro e comprar o tão sonhado computador. Falava que só ia estudar pra tirar a mãe dela da vida de miséria”, — revelou.
Janaína gostava de poesia. Em 2 de janeiro publicou em suas redes o seguinte verso: "anseio o que o futuro tem pra mim".
Como muitas jovens, sobretudo pretas que buscam no estudo uma saída para a realidade própria e da família, Janaína temia o que estava por vir. Insegurança financeira, racismo e machismo são barreiras simbólicas quase intransponíveis para a maior parte de mulheres negras no Brasil e um monstro (outro) parido pelo patriarcado ceifou a vida de Janaína.
Seus poemas e sonhos morreram nas mãos de mais um filho da misoginia endêmica em nós, homens.
Um laudo preliminar do IML confirmou violência sexual contra a Janaína.
Quem tentava fugir com o corpo de Janaína foi Thiago Mayson da Silva. Ele alega que a jovem passou mal após relação sexual. O machismo traz consigo doses cavalares de dissimulação.