A sociedade do consumo, também consome pessoas
Por Ciça Pereira
Por Jaciana Melquiades
E quando se trata de amor, é super importante conectar fala, pensamento e ação. Coerência. Já vou começar esse primeiro texto abrindo um parêntese: coerência talvez seja das coisas mais difíceis da gente conseguir na vida, mas quando digo que é importante conectar fala, pensamento e ação, é sobre buscar uma inteireza que só é possível quando a gente se respeita profundamente. E a gente se respeita sendo de verdade, sendo gentis com a gente mesmo, respeitando o nosso tempo das coisas, deixando bem visíveis os nossos limites.
Eu fiz a escolha de falar de amor, e trazer isso pro meu dia-a-dia, mas não estou falando necessariamente do amor romântico, mas do amor como a forma como eu conduzo meus dias. Quero falar de amor, e de todas as formas que ele se faz presente na minha vida. Entendi que eu preciso mesmo falar de amor pra melhorar minha relação comigo mesma, e consequentemente com os outros. Pra entender como eu funciono, e saber quais relações fazem ou não sentido pra mim.
(Ao final da leitura, não deixe de baixar o Denga Love https://www.dengalove.com/ )
A gente escreve um monte de coisa bonita, mas colocar em prática é um caminho longo. As afirmações em frases que a gente ama compartilhar como “a gente precisa dizer sim pra si mesma” ou “eu sou minha prioridade” não são efetivadas enquanto a gente não se olha internamente e descobre as amarras que nos mantém reféns de uma vida inteira fazendo e (e bem lá no fundo) acreditando no oposto - a tal da crença limitante é literalmente aquilo que a gente acredita tão profunda e automaticamente, que nem racionaliza, mas que nos condiciona, aprisiona, limita. E a ferramenta que faz com que a gente consiga estar bem próximo desse lugar de conectar fala, pensamento e ação é o autoconhecimento.
Pra ficar bem explicado o assunto que tô trazendo pra cá, estou propondo uma reflexão sobre o que a gente performa e mostra pras outras pessoas, em contraposição ao que de fato a gente sente. Propondo que a gente reflita sobre o que a gente mostra sobre nós numa jornada de construção dos nossos afetos, e o que de fato a gente tem dentro, principalmente porque é bem comum a gente encontrar pessoas frustradas, saindo de relacionamentos, rompendo com amizades, por entender (depois de um tempo se relacionando) que muitos elementos que o pareciam fazer sentido na relação, sequer existiam.
Nesse sentido, falar de amor pode ser terapêutico. Terapeutico que nos coloca de frente com as nossas vulnerabilidades, nossas toxicidades, abre um caminho gostoso de trilhar de autoconhecimento, e, por incrivel que pareça, essa disponibilidade que a gente pode desenvolver pra falar de amor, aproxima as pessoas que a gente ama. Colocar todas as nossas vulnerabilidades na mesa, conecta pessoas a partir do que dizemos sobre nós, a partir da versão extendida que somos quando falamos dos nossos medos, sonhos, prazeres, dores com quem escolhemos confiar. E aqui, estou falando do seu chamego, ou das amizades sinceras, da família… de toda rede amorosa que podemos criar e que nos dá um sentimento pleno de pertencimento, de comunidade.
o cuidado como dimensão político-afetiva da proteção entre pessoas negras por joão marcos bigon