• 21-11-2024

A sociedade do consumo, também consome pessoas

Por Ciça Pereira

A sociedade do consumo também consome pessoas e depois de exaustas ou inutilizáveis ela as elimina.  

 

Nem todo mundo que te olha te vê de verdade, ás vezes você é só é um alegre em um jogo de interesses.  

 

E isso não acontece apenas nas relações de trabalho... Estamos "amando" e nos "afetando" da mesma forma. "Amores líquidos" com uma pitada de consumismo.  

 

AMO desde que faça o que eu quero, desde que esteja à disposição, desde que fale o que eu quero ouvir ou corresponda às minhas necessidades.  

 

Tudo é sobre nossas necessidades e a obsessão por cumpri-las.  

 

O mundo capitalista distorceu as relações, e isso nós já sabemos. A ótica do mercado, e da meritocracia transformam tudo em jogos de interesses. Poucas pessoas se ve em afetividade e se enxergam diante da realidade. E pior do que isso, pouca gente sabe distinguir o que é afeto, o que é companheirismo, de relações de interesses.  

 

Hoje em dia tudo é networking...  

 

Mas afinal quem pula na sua bala quando vc não está bem?  

 

Desde que o mundo se tornou uma máquina de consumo, seja pelo processo exploratório inicial até a máquina atual do capitalismo, consumir virou regra. E não falo só dos recursos naturais, falo das relações humanas também. Antes escravizados, hoje mentalmente condicionados e reféns de novas escravidões, vivemos querendo suprir o que nos dói, e, portanto, observamos pessoas como atalhos para isso.   

 

Seja na necessidade de ter ou de ser, as relações são sempre conectadas a incoerência do suprir e do servir. O construir humano é para poucos...  

 

Trocamos boas relações e construções saudáveis, para viver num mundo de bajuladores;  

 

onde as relações afetivas e emocionais são baseadas nos jogos de interesses, e nas hierarquias sociais...  

 

Sejam elas por visibilidade, network, ou necessidade de atenção. Um serve e o outro é servido... "E quando não me serve mais, eu elimino."  

 

Perdemos a noção de comunidade, e além de imprimir a lógica de consumo do europeu...  

 

Vivemos na busca do EU, que perdido de si, se perdeu de suas identidades, espiritualidades e conceitos construtivos e coletivos de sobreviver em sociedade.  

 

Ou usamos, ou somos usados...  

 

"É preciso uma aldeia para se educar uma criança" provérbio yoruba.  

 

E é preciso uma comunidade para encontrar saúde e bem-estar depois de adulto.  

 

Construir ou consumir?  

 

Ou vencemos junts, ou nos destruímos individualmente; e o pior, entre os nossos.