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Preta, periférica, mãe de duas e campeã mundial, Jubenice “Bibinha” esbanja força feminina e é símbolo na capoeira
Preta, periférica e destemida. Sob os raios de sol de Salvador, Jubenice de Oliveira Santos gingava tal os ancestrais da capoeira em agosto de 2024, na final mundial do Red Bull Paranauê. Não apenas pela técnica, não somente pelas marcas da cultura em cada movimento e no corpo. Mas, sim, pela representatividade. Ovacionada pelo público, a baiana Jubenice de Oliveira Santos, de 41 anos, é a semente da batalha de um povo que alcança o lugar mais alto do mundo por meio da sua excelência e da sua luta.
No chão histórico da Praça da Cruz Caída, no Pelourinho, palco em que Mestre Bimba criou a Capoeira Regional, Jubenice foi campeã e coroada como a melhor capoeirista do mundo, conquistando outra vez o troféu que levantou na edição de 2018. "Essa competição, em 2024, tem um significado muito maior. Após minha última conquista, eu me tornei mãe pela segunda vez e agora que venho retomando meus treinos com mais intensidade. Então, foquei para além da técnica, principalmente entendendo a maturidade do meu corpo”, comentou Bibinha, que competiu em sua terra natal e foi ovacionada pelo público a cada instante.
As filhas, Dandara, de 22 anos, e Yane, de 2, comemoraram a vitória com a mãe, que retornara ao esporte há pouco tempo, motivada pela família e pelo amor à capoeira. “Como gestei há pouco mais de dois anos, estava na luta contra algumas questões de saúde, como sobrepeso e desequilíbrio hormonal, normais no pós-gestação. Mesmo com esse cenário, tive motivação de sobra para focar nos treinos em busca do preparo físico e emocional adequados, pois minhas filhas me motivam a seguir na caminhada de cabeça erguida e focada. Por elas, preciso ser melhor a cada dia e tenho o dever de influenciá-las sempre”, conta a campeã.
Ícone feminino na Capoeira
Nascida em Salvador e introduzida no mundo da capoeira aos 11 anos, Bibinha passou a frequentar, em sua escola, aulas oferecidas no contraturno, e se encantou pela prática. “Na Capoeira me encontrei e me realizei, pois todos os valores aprendidos através do esporte moldaram meu caráter e me formaram para vida”, confidencia.
Símbolo de presença feminina no esporte, a baiana conta que, por vezes, o ambiente da capoeira trazia desconfortos a ela por ser predominantemente masculino. “Isso sempre foi uma barreira para nós, mulheres. Para além dos desafios para avançar nas técnicas da luta, precisávamos aprender também a nos esquivar das desigualdades para se manter firme na caminhada”, comenta.
Hoje em dia, no entanto, o panorama está mudando — muito por mérito de Bibinha e de outras grandes mulheres do esporte, como Mestra Nani, representante do Toque de Angola no Red Bull Paranauê. “Muitas meninas estão sendo inseridas no universo da Capoeira desde a infância, o que, para nós, é motivo de comemoração. Além disso, existe a presença feminina em lugares de liderança, assim como hoje eu me encontro”, comenta a capoeirista.
“Essa liderança é de suma importância para tentar reaver um espaço que nos foi negado durante décadas, ainda que na verdade já assumíssemos todas as responsabilidades nos
A emoção do título mundial e o futuro
Para Bibinha, o momento mais marcante de sua carreira foi sua participação e título na segunda edição do Red Bull Paranauê, em 2018. “Ter sido reconhecida como campeã foi muito marcante na minha carreira como atleta e profissional da área, pois mudou a trajetória da minha história, abrindo portas e novas oportunidades de trabalho para mim no Brasil e no mundo”, afirma.
Atualmente, a Contramestre Bibinha instrui capoeiristas de todas as idades na Casa de Cultura Origem, escola situada na Vila de Abrantes, em Camaçari, cidade vizinha a Salvador. A Casa funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 20h, e os interessados podem fazer uma aula experimental totalmente gratuita com a campeã mundial.
“A Capoeira já ganhou o mundo, está hoje em mais de 170 países e certamente tem um futuro brilhante, em especial com muitas mulheres em lugares de liderança e conduzindo projetos e trabalhos mundo afora”, afirma a campeã. “Desejo do fundo do coração ver isso crescer cada vez mais, para que todas as meninas, adolescentes e jovens das próximas gerações possam se inspirar e ter o desejo de praticar o esporte, por se sentirem representadas, acolhidas e incentivadas”, diz.
Ela incentiva e apoia que mulheres pratiquem e espalhem a palavra e a tradição da capoeira. “Capoeira é vida, é arte, é cultura, cuida do seu ser integralmente, eleva sua autoestima, evolui todo seu físico e promove qualidade de vida. Mulheres, venham para a capoeira! Ela pode mudar o rumo da sua história, assim como mudou a minha”, finaliza.
Casa de Cultura Origem - Contramestre Bibinha
Horários: Segunda a sexta-feira, das 9:00 as 20:00; Sábados com aula marcada
Endereço: R. Direta da Malícia, 16 - Vila de Abrantes - Camaçari - BA
Aula experimental gratuita
Redação do Africanize
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