Produtores de conteúdo pretos e a exclusão publicitária: Uma realidade injusta sob os holofotes
Por: Felipe Ruffino
A internet abriu um espaço novo para o avanço da luta contra o racismo estrutural. Agora, por meio de redes sociais, podemos denunciar casos de racismo e cobrar explicações de quem as deve. O problema é que para algumas pessoas, falar de negritude se reduz apenas as nossas dores.
Eu explico: todos os dias tem alguém cobrando de pessoas pretas um posicionamento sobre alguma tragédia. Se um post , um vídeo ou qualquer tipo de conteúdo menciona algo de bom que nos acontece (o que é bem raro) não tem adesão ou engajamento de quem nos segue. Parece que o ódio e a dor viraram a única forma de luta. O povo negro (em suas múltiplas vertentes e diferenças) é muito mais que só dor e sofrimento. Somos descendentes de reis, rainhas, cientistas, historiadores, poetas, médicos e também guerreiros. É de África que vem o primeiro da nossa espécie a ser denominado “ homo sapiens” que possibilitou a existência de todos os outros. No nosso sangue, corre o DNA de uma etnia criativa, inteligente e extremamente bela.
Compreendo que os tempos atuais exigem de nós uma voz firme frente a tudo de ruim que o sistema fez e faz conosco. Mas, não podemos esquecer de tirar um tempo diário para exaltar nossos irmãos e irmãs. Já deu um “ like ” no vídeo de uma mina preta explicando ciência para crianças? Ou compartilhou uma foto de uma obra de arte feita por mano preto? Mandou esse texto para o seu amigo branco que só fala sobre tragédias? Encerro esse texto com um versinho de “Amarelo”, do rapper Emicida: “Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes”.
Jornalista, redator publicitário e escritor. Mineiro de 31 anos, o profissional coleciona passagens por veículos como CNN e Casa Vogue, bem como campanhas assinadas para marcas como Chivas Reagal, Samsung, Sallve, Pepsi e Will Bank.
Por: Felipe Ruffino