28 de janeiro de 2025

Colunistas

Produtores de conteúdo pretos e a exclusão publicitária: Uma realidade injusta sob os holofotes

Por: Felipe Ruffino

Felipe Ruffino• 15/12/2023
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O intrigante universo da blogosfera, tão conhecido por sua diversidade, infelizmente, ainda carrega as marcas profundas da exclusão, especialmente quando se trata dos produtores de conteúdo pretos. A busca por uma verdadeira inclusão enfrenta um desafio latente no mercado publicitário, expondo uma realidade que clama por reflexão e mudança.  

Os influenciadores pretos, detentores de habilidades excepcionais e um inegável talento para criar conteúdo, se deparam com uma barreira que transcende a simples questão de mérito. O cerne desse desafio reside na visão restrita das empresas, que, muitas vezes, limitam os criadores apenas a campanhas direcionadas à comunidade negra. Esse redutor viés não apenas restringe oportunidades, mas também perpetua estereótipos prejudiciais, comprometendo a riqueza da diversidade nos espaços digitais.  

O racismo institucional se revela na preferência de agências publicitárias por figuras brancas em campanhas generalistas, alimentando a nociva associação entre confiabilidade e competência com a imagem branca. A ausência de representação negra não apenas marginaliza os blogueiros, mas também contribui para a disseminação de narrativas unilaterais, minando a pluralidade da diversidade racial brasileira.  

Uma pesquisa reveladora, envolvendo 760 criadores de conteúdo, expôs a dura realidade enfrentada pelos influenciadores negros: contratação menos frequente em campanhas publicitárias e, quando envolvidos, desvalorização salarial. Enquanto os influenciadores brancos auferem, em média, R$ 564 por ação, os negros recebem apenas R$ 496, e os pardos, ainda menos, R$ 459. Esses números alarmantes evidenciam uma disparidade que questiona a suposta equidade no mercado publicitário, reforçando a urgência de uma transformação significativa.  

No Brasil, um país marcado pela diversidade, a invisibilidade dos blogueiros negros no cenário publicitário não é apenas uma falha, mas uma perpetuação de desigualdades profundamente enraizadas. Reconhecer e desconstruir essas barreiras é crucial para uma blogosfera verdadeiramente representativa e inclusiva, onde todas as vozes, independentemente da cor da pele, possam brilhar e inspirar. O desafio é coletivo, e a recompensa se traduz em uma narrativa mais rica, plural e verdadeiramente brasileira.  

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