17 de setembro de 2025

Entrevistas

A liberdade de ser Ludmilla: “Não preciso mais provar nada para ninguém. Isso trouxe uma liberdade enorme!”

Da MC que sonhava em ser ouvida à artista que inspira multidões, Ludmilla construiu sua história com coragem e autenticidade.

Babi Olusete• 17/09/2025
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Reprodução: @ludmilla

De uma infância simples em Duque de Caxias, até o palco do Coachella, Ludmilla construiu uma trajetória marcada por luta, ousadia e inovação. Aos 30 anos, a cantora é hoje um dos maiores nomes da música brasileira, coleciona prêmios internacionais e inspira uma nova geração de artistas.

A relação com a música começou cedo, nas rodas de samba e pagode da família. Adolescente, adotou o nome artístico MC Beyoncé e viralizou em 2012 com o hit Fala Mal de Mim. Pouco tempo depois, decidiu assumir o próprio nome, um movimento que muitos acreditaram ser arriscado.

“Sempre precisei lutar duas, três vezes mais para mostrar meu valor. Isso me amadureceu”, diz a cantora.

A inspiração em Beyoncé sempre foi um pilar na trajetória de Ludmilla. No início da carreira, ainda como MC Beyoncé, a cantora carioca não escondia a admiração pela estrela americana, que representava um ideal de força, talento e protagonismo feminino negro no cenário global. Anos depois, já consolidada como Ludmilla, o ciclo se fechou de forma emocionante: “Ouvir da Beyoncé, por exemplo, que ela estava orgulhosa da minha trajetória, só reafirmou que estou no caminho certo”, diz a artista, que hoje inspira outras jovens pretas a acreditarem em seus sonhos da mesma forma que um dia acreditou.

Com o álbum Hoje (2014), Ludmilla ganhou força no cenário nacional, transitando entre funk, pop e R&B. Mais tarde, resgatou suas raízes com o projeto Numanice (2020), dedicado ao pagode, que lhe rendeu o Grammy Latino. Ao olhar para trás, ela resume em uma palavra:

“Gratidão. Sinto orgulho de ter transformado meus sonhos em realidade.”

Reprodução: @ludmilla

Um dos momentos mais marcantes foi a estreia no Rock in Rio. Mas a experiência veio acompanhada de reflexões.

“Já tinha quase dez anos de carreira e acho que o festival demorou a me enxergar como artista…percebo que os gringos recebem uma atenção muito maior, mesmo sem se esforçarem para oferecer um grande espetáculo. Enquanto isso, nós, brasileiros, investimos milhões, colocamos o nome do festival entre os assuntos mais comentados e nos desdobramos para entregar algo memorável.”, lembra.

A consagração viria em 2022, com seu primeiro show solo no festival, considerado por ela um divisor de águas. A apresentação abriu portas para oportunidades maiores, entre elas o Coachella.

Para Ludmilla, investir em si mesma foi determinante.

“Acreditar no meu talento abriu portas para mim e para outras mulheres pretas. Hoje sei que representatividade importa.”

Essa postura fez de Lud uma referência no Brasil e fora dele, um mix de inovação e autenticidade em cada projeto. Com passagens por The Town e Coachella, a cantora ampliou seu alcance internacional. Ainda assim, prefere viver um passo de cada vez.

“No momento, estou focada no meu novo álbum de R&B. Quero expandir minha carreira, mas no meu tempo”, afirma.

Reprodução: @ludmilla

A MC Beyoncé é estrela global, Ludmilla, um símbolo de resistência e inspiração. Sua história mostra que sonhos, quando cultivados com coragem, podem atravessar fronteiras: “…quando olho pra tudo isso, sinto orgulho da minha trajetória e de como consegui transformar meus sonhos em realidade”.

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