Política
Trump ameaça taxar países alinhados ao BRICS e reacende tensão com o Sul Global
Ex-presidente dos EUA anuncia tarifa adicional de 10% e pressiona países que participam do bloco liderado por Brasil, China e outras potências emergentes

Durante o fim de semana da Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, o ex-presidente e pré-candidato republicano Donald Trump anunciou uma nova ofensiva contra o bloco formado por países do Sul Global. Em publicação na rede Truth Social no domingo (6), Trump afirmou que os Estados Unidos irão impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhar às “políticas antiamericanas” do BRICS, sem detalhar o que configura esse alinhamento.
“Não haverá exceções a essa política”, escreveu o ex-presidente, em tom de ultimato. A Casa Branca e autoridades americanas indicaram que não há decreto formal em curso, mas o anúncio de Trump representa um gesto político claro de tensão com o bloco.
O BRICS, atualmente composto por 11 países de diferentes continentes, entre eles Brasil, China, África do Sul, Índia, Rússia, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes, divulgou neste domingo a “Declaração do Rio de Janeiro”, na qual defende o multilateralismo, o fortalecimento da ONU e o respeito ao direito internacional. Embora não mencione os EUA diretamente, o documento critica ações unilaterais que “distorcem o comércio global”.

“Expressamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio”, afirma um trecho da declaração.
Trump informou ainda que os novos acordos tarifários começarão a ser enviados nesta segunda-feira (7), e as tarifas só entram em vigor no dia 1º de agosto, o que abre um curto período para negociações bilaterais. A medida amplia o “tarifaço” iniciado em abril, que previa sobretaxas entre 10% e 50% e foi suspenso por 90 dias, prazo que se encerra em 9 de julho.
Até agora, apenas Reino Unido e Vietnã firmaram acordos limitados com os EUA. A União Europeia, Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Suíça seguem tentando evitar as sobretaxas em setores estratégicos como tecnologia, agricultura e aviação.