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Terreiro de umbanda no Rio é alvo de invasão e depredação em ataque de intolerância religiosa
Além do roubo de eletrodomésticos e objetos do espaço, criminosos destruíram imagens sagradas de orixás
Na madrugada da última terça-feira (28), o terreiro de umbanda Casa de Caridade Caboclo Pena Dourada, localizado no bairro do Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro, foi invadido e depredado. Além do roubo de eletrodomésticos e objetos do espaço, criminosos destruíram imagens sagradas de orixás e deixaram uma bíblia na porta do terreiro. O caso, classificado como intolerância religiosa, está sendo investigado pela Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
A dirigente da casa, mãe de santo Fernanda Franco, relatou o episódio em suas redes sociais, lamentando a violência. “Essa noite nós fomos invadidos. Arrombaram os portões, as janelas, levaram ar-condicionado, ventiladores, geladeira, destruíram tudo. Está tudo revirado. Quebraram torneiras, a casa ficou alagada. Nada restou”, disse Fernanda.
Dados do Disque 100 indicam que, no último ano, foram registradas 2.472 denúncias de intolerância religiosa no país. O Rio de Janeiro contabilizou 499 casos, ficando atrás apenas de São Paulo, que teve 618.
“Quebraram a imagem de Exu. Ainda deixaram uma bíblia na porta. Não sei como a gente vai conseguir reconstruir tudo, não tem mais nada”, afirmou Fernanda Franco.
Em resposta ao ocorrido, a gerência para Povos e Comunidades Tradicionais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio anunciou a inclusão do terreiro no Programa Casas Ancestrais, que busca preservar e proteger espaços de religiões de matriz africana.
Campanha para reconstrução
A comunidade religiosa lançou uma campanha de arrecadação online para recuperar os danos materiais, estimados em R$ 20 mil. Além de ser um local de culto, o terreiro também realiza trabalhos sociais, como a distribuição de cestas básicas.
Entre os itens levados pelos criminosos estão dez ventiladores de parede, dois ventiladores de mesa, um ventilador de torre, quatro ar-condicionados, duas geladeiras, um freezer, um fogão industrial, um micro-ondas, um botijão de gás, uma máquina de lavar, um televisor, um computador e diversos equipamentos elétricos.
“Este terreiro não é apenas um local de culto; é um refúgio para aqueles que buscam conforto, orientação e conexão com o divino. É um espaço onde celebramos a vida, honramos nossos ancestrais e ajudamos aqueles que precisam de apoio espiritual e emocional. Ver tudo isso destruído é uma dor imensa para toda a nossa comunidade”, diz o texto da campanha.
