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Nascida em Ruanda, escritora escreveu autobiografia que relata separação entre os pais para receber educação na Europa
Nesta terça-feira (29), Brasília recebeu Jeanine Grisius para o lançamento de seu livro “O Rosto Escurecido à Procura da Minha Mãe Africana”. Após o sucesso na França e na Alemanha, chegou a vez de o Brasil receber a versão em português.
Jeanine nasceu em Ruanda, em 1946, filha de mãe ruandesa e pai luxemburguês. Sua autobiografia relata a difícil decisão de seu pai de separá-la de sua mãe para que pudesse receber uma educação europeia. Depois de quase três décadas, Jeanine reencontra sua mãe, vinte e nove anos após a separação.
Uma história marcada por dores e impacto do colonialismo na identidade negra. A primeira versão foi publicada em 2001 na França e outra em 2015 na Alemanha. O livro promete emocionar e deixar registrado na memória uma história de luta.
A autora conversou com a Africanize sobre como seu livro serviu de reflexão e incentivou discussões em outros países.
“O livro foi indicado para um prêmio de literatura no sul da França e, em Luxemburgo, teve grande repercussão, pois jornalistas que o leram começaram a escrever sobre o passado colonial do país. Até então, Luxemburgo não era considerado uma potência colonial, mas, de fato, luxemburgueses trabalhavam em colônias. Assim, o livro contribuiu para levantar essa discussão no país”, afirmou Jeanine.
Jeanine falou da visão que está tendo nessa passagem pelo Brasil e de como o livro tem impactado as pessoas:
“Eu não tinha noção da repercussão que meu livro teria em relação a essas questões. É uma história minha pessoal que mostra como o colonialismo tem efeitos sobre os indivíduos. Aqui, durante minha passagem pelo Brasil, percebo a mensagem que o livro tem em relação às pessoas e, nesse sentido, vejo como a memória e a escrita são importantes. Elas permitem, mais do que teorias abstratas, contar histórias pessoais com as quais as pessoas se relacionam e se identiifcam”, disse a autora.
Sobre a lição que as pessoas podem tirar do seu livro, ela explica:
“Eu não posso dizer a alguém o que deve ou não aprender com a história; percebo que as reações são diferentes e que cada pessoa tira dela o que lhe faz sentido. Para mim, só o fato de estar aqui já é algo fantástico, quase um milagre.”
O lançamento em São Paulo acontece hoje (31), às 19h, no Sesc 14 Bis (R. Dr. Plínio Barreto, 285), com entrada franca. O evento é uma oportunidade para conhecer a autora, adquirir o livro e receber o autógrafo.
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