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Gana acolhe deportados da África Ocidental enviados pelos EUA
Acordo abre debate sobre direitos humanos, soberania e pressões migratórias internacionais

O governo de Gana recebeu nesta semana 14 cidadãos da África Ocidental deportados dos Estados Unidos, em um movimento que reacendeu discussões sobre imigração, soberania e direitos humanos. Entre os deportados estão pessoas da Nigéria, da Gâmbia e de outros países da região, que passaram a ser realocadas em território ganês.
O anúncio foi feito pelo presidente John Dramani Mahama, que justificou a decisão com base no Protocolo de Livre Circulação da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental). O acordo permite que cidadãos de países-membros circulem e se estabeleçam em Gana sem necessidade de visto, o que, segundo o governo, legitima a recepção dos deportados.
A medida, no entanto, ocorre em meio à intensificação das políticas migratórias do governo norte-americano, que tem adotado a prática de enviar imigrantes indocumentados ou que extrapolaram seus vistos para “países terceiros”. O mecanismo, já aplicado em outros contextos, é alvo de críticas de entidades internacionais que apontam riscos de violações de direitos, especialmente quando os deportados não possuem vínculos diretos com os destinos escolhidos.
Organizações de direitos humanos também questionam se os deportados tiveram pleno acesso a garantias legais antes da remoção. Enquanto isso, países como a Nigéria manifestaram resistência a aceitar medidas semelhantes, argumentando que a pressão externa fere a soberania africana e transfere responsabilidades sem diálogo adequado.
Com isso, Gana se torna o primeiro país da África Ocidental a admitir publicamente esse tipo de acordo com os EUA, abrindo precedentes e tensões no cenário migratório global.