G20 Social: demandas da sociedade civil são levadas à Cúpula de Líderes mundiais

Aconteceu de 14 a 16 de novembro, no Píer Mauá, no Rio de Janeiro, o G20 Social, um evento realizado pelo Governo Federal com o objetivo de ampliar os diálogos entre líderes governamentais, movimentos sociais e a sociedade civil.  

Durante os três dias de evento, foram realizadas mais de 200 atividades autogestionadas, ou seja, planejadas e executadas pelos próprios participantes ou membros de grupos organizados.  

No encerramento, foram entregues ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva propostas que foram apresentadas aos governos de todas as nações na cúpula do G20, que aconteceu nos dias 18 e 19 de novembro. Esta foi a primeira vez, desde 2008, quando o atual formato do grupo foi implementado, que a União Africana participou como membro permanente ao lado das 19 maiores economias do mundo e da União Europeia. Esse encontro marca o fim do mandato brasileiro na presidência do grupo, que será sucedido pela África do Sul.  

O que é o G20?  

O G20 (Grupo dos Vinte) é um fórum internacional composto pelas principais economias do mundo, que se reúnem para discutir questões econômicas, financeiras e políticas globais. O grupo foi criado para promover a cooperação entre as nações mais influentes e desenvolver soluções para os desafios econômicos e sociais globais. Embora o foco principal seja a economia, as discussões também abrangem temas como mudanças climáticas, saúde, segurança alimentar, desenvolvimento sustentável e outros tópicos de interesse global.  

Cria G20  

A Africanize foi convidada a participar do Cria G20, um evento que reuniu criadores digitais, ativistas sociais e comunicadores do Brasil e do mundo. O espaço teve como objetivo fortalecer e fomentar o debate sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a nova arquitetura financeira global e o enfrentamento das mudanças climáticas.  

A abertura foi marcada pelo G20 Talks, que contou com a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva, da atriz sul-africana Nomzamo Mbatha, entre outras personalidades.  

Entre os palestrantes, estiveram Nathi Finanças, Isabel Fillardis, Fiote, Raull Santiago, Tukumã Pataxó, as ativistas filipina Mitza Jonelle e ganesa Emanuelle, além da atriz sul-africana Nomzamo Mbatha, entre outros nomes.  

Uma das iniciativas que ilustram o impacto da comunicação foi o Kids 20, um projeto que levou jovens de cinco estados brasileiros a vivenciar a rotina de jornalistas. Crianças e adolescentes puderam entrevistar ministros e delegados estrangeiros, trazendo novas perspectivas para o evento e ampliando o alcance das discussões para dentro das casas brasileiras.  

A ativista filipina Mitza Jonelle trouxe detalhes de sua luta combativa e das ameaças que sofre em seu país por estar na linha de frente contra as mudanças climáticas.  

Quem esteve presente teve a oportunidade de participar das oficinas promovidas pelo YOUPIX sobre criação de conteúdo e vídeos, com mentorias de influenciadores veteranos nas redes sociais.  

Conversamos com Dandara Pagu, influenciadora conhecida por abordar temas como humor, cultura, política e sexo. Ela deixou um recado inspirador para quem está começando a criar conteúdos na internet:  

“Eu, enquanto mulher preta e periférica que viveu e passou por muitas coisas para chegar até aqui, considero este momento muito gratificante. Não desistam! Mesmo que seu conteúdo não esteja perfeito, poste assim mesmo. Se cobre menos e se compare menos.”  

Conversamos também com Spartakus Santiago, comunicador e apresentador, que compartilhou um pouco sobre sua experiência como um dos mentores na roda de conversa do YOUPIX:  

“Eu sinto um misto de felicidade e nervosismo por estar aqui no G20 compartilhando conhecimento com as pessoas, porque é algo complexo. Conseguir existir nessas plataformas sendo negro, gay e nordestino é difícil; é como hackear um sistema que foi feito para nos usar. Para mim, é uma honra gigantesca estar aqui com um governo que se importa com isso e poder oferecer esse conteúdo gratuitamente.”  

Nathi Finanças que é uma das vozes influentes hoje na internet falando sobre educação financeira principalmente para pessoas negras e de baixa renda afirmou:  

“Eu fico muito feliz porque recebi o convite da primeira-dama esse ano lancei o Instituto Mulheres no Mercado Financeiro focado principalmente em mulheres negras, estou há 6 anos no mercado e o Top 10 do relatório da AMBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) grande parte são homens, só tem uma mulher branca e eu e cadê as outras mulheres que existem? Não é que sou a única, é que elas não têm oportunidade, engajamento e às vezes não consegue se manter porque precisa conciliar o trabalho CLT e criar esse conteúdo. Está aqui presente é para a gente ser ouvido também.”  

Durante o Cria G20, foi apresentada uma prévia do filme  Malês , que estreia em 2025 sob a direção de Antônio Pitanga. Esteve presente a atriz Samira Carvalho, que interpreta Abayomé. Ela compartilhou como foi o processo de construção da personagem:  

“Eu estudei as mulheres africanas que foram trazidas ao Brasil e escravizadas, como Dandara e Luiza Mahin. Com base nisso, desenvolvemos o sotaque da personagem. Tive várias aulas de árabe para aprender as rezas e movimentos, além de uma preparação envolvendo corpo e dança. Foi uma pesquisa longa, profunda e muito intensa.”  

Falamos com Gabriela Heblim, multiartista, DJ e percussionista, que foi uma das oficineiras na experiência promovida pelo YOUPIX:  

“Saio da oficina muito feliz. Compartilhei muitas experiências porque, além de criadora de conteúdo, sou formada em audiovisual e editora, e tenho uma grande bagagem. Saio realizada com a troca mútua com essas pessoas, com ainda mais vontade de pegar meu celular e criar conteúdos. Acho que este projeto deveria acontecer em cada canto deste país.”  

O G20 Social destacou a importância de integrar diálogos globais com experiências práticas e inspiradoras. De debates sobre justiça social e mudanças climáticas a oficinas de criação de conteúdo, o evento mostrou como a comunicação e a diversidade podem transformar narrativas.