• 25-11-2024

Com entrada gratuita e direcionada em evidenciar novas potências musicais dos segmentos feminino, negro e LGBTQIAPN+, o Festival recebe nomes como Yoùn, Mahmundi, Mel e Bia Ferreira e ainda vai dar a chance de artistas anônimos se apresentarem com cachê.

Quantos artistas independentes você conhece e escuta? E quantos deles são mulheres, pretes e LGBTQIAPN+? Foi partindo desta premissa provocativa que nasceu a ideia central do festival MIRA na Diversidade - Ocupa Pilotis 2023, uma iniciativa da Criamos Agência de Cultura em parceria com o Museu de Arte do Rio - MAR, para visibilizar novos artistas da cena nacional que acontece gratuitamente nos dias 21 e 22 de outubro, sempre a partir das 15h no próprio MAR. Os ingressos gratuitos podem ser retirados através do link  https://bit.ly/MIRAeuvou . Nesses dois dias serão apresentados três gêneros musicais diferentes: MIRA no Talento das MANAS, MIRA no Talento dos LGBTs e MIRA no Talento dos PRETES. Além disso, o festival contará ainda com o ciclo de debates “As diferenças no mercado da música entre pretos, mulheres e LGBTs”, composto por três mesas numa troca sobre negócios na música, todas abertas ao público e com lotação por ordem de chegada. O festival é patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, ANCAR e YDUQS, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura - Lei do ISS. 

  

“Sentimos falta de um evento que celebrasse a música independente e autoral, sobretudo para artistas diversos. O MIRA nasce da vontade e necessidade de dar oportunidade para novos talentos da música se apresentarem em palcos com grande visibilidade”, explica Simone Nascimento, idealizadora do projeto ao lado de Paulo Pereira e Rafael Braga, que complementa. “Queremos dar espaço para quem está despontando no mercado independente da música, mas que ainda não participa dos grandes festivais. É um passo para ganhar visibilidade e ganhar notoriedade. Por isso o festival traz também, através de voto popular, artistas que estão começando sua carreira, para mostrar seu trabalho para um novo público, como uma chance de gerar material para seu portfólio”, reitera Rafael. 

  

Uma outra atração do festival é a abertura de microfone para novas e desconhecidas vozes, que conversa muito com um projeto já existente no MAR, que também tem como visão a promoção de mulheres, pessoas negras e população LGBTQIAPN+ na sociedade. Assim, dentro da programação haverá o Ocupa Pilotis 2023, que será o espaço onde artistas anônimos previamente selecionados se apresentarão como atração. Todo o processo de seleção, o andamento da disputa e a votação nos candidatos, pode ser acompanhado através da página de Instagram do festival - @miranadiversidade. Cada finalista receberá o cachê de R$ 1.500 para dar conta de seus gastos com banda, equipe e logística. 

  

A parceria com o Museu de Arte do Rio - MAR vai muito além do espaço físico. “A seleção de talentos que acontecerá por meio de votação popular conversa muito com o espaço, e estamos juntando esta ação num único propósito. Desde 2021 iniciamos o programa OCUPA PILOTIS que tem esse propósito de dar espaço a artistas do entorno e/ou novos talentos aqui no MAR.  Além disso, a promoção de trazer mulheres, negros e LGBTs para a pauta conversa muito com a visão do MAR.”, afirma Jaqueline Roversi, Gerente de Eventos do MAR. 

  

“Artistas de todo o Brasil podem participar, mas os custos de viagem e hospedagem ficam por conta do artista. Esta iniciativa é importante para que esses talentos saiam da marginalidade que lhes é imposta pela sociedade em que vivemos. A ideia é que as pessoas saiam um pouco da rádio e do algoritmo, consumindo somente aquilo que lhe entregam. Sentimos que é importante ver e ter acesso ao novo, e é nesse sentido que o festival traz essas vozes”, complementa Rafael Braga. 

  

A partir das 18h do dia 21 de outubro o som fica por conta da influência carioca na música nacional. Quem abre a primeira noite é Yoùn, dupla carioca formada por GP (Gian Pedro) e Shuna cujas canções são permeadas por R&B, rap e música brasileira. Em participação especialíssima do show deles, a dona do álbum indicado ao Grammy Latino de 2019, Mahmundi, levará seu som autêntico e pleno de bossa carioca. Na mesma noite, Azula, uma cantora trans nascida em Bangu, criada na Baixada Fluminense e ativista LGBTQIAPN+ convida a goiana Mel, uma das vozes da extinta Banda Uó que agora segue em carreira solo. 

  

Os shows de domingo começam às 17h e serão marcados pela vibração sonora da cantora, compositora, atriz, autora e ativista indígena Kaê Guajajara, que recebe no palco outra preciosidade musical, a cantora Bia Ferreira. Será a mistura do canto do Maranhão com o de Minas Gerais, gerando um encontro potente de talentos brasileiros garimpados nesta nova geração de artistas que anseiam pelo reconhecimento no mercado musical. “Assim, o MIRA estreia se estabelecendo como um espaço de criação que reúne no Rio de Janeiro artistas consagrados e novos talentos do cenário musical nacional”, reforça Paulo Pereira. 

  

O line up da programação foi definido por Kaká Reis, que o concebeu através de uma ampla pesquisa musical de artistas que estão ascendendo na cena da música brasileira contemporânea. “E isso tem a ver com a perspectiva que o festival quer trazer: artistas da nova geração, que tragam em suas letras e trabalhos suas identidades a diversidade: étnica, de gênero, sexual, a diversidade na sua ampla forma. Pensamos na diversidade sonora e na diversidade como um todo, para conectar de forma bem integrada o que o festival quer apresentar”, resume Kaká.  

  

A primeira edição tem como ideia fugir do óbvio, do que é "normalizado" e vendido diariamente. “Buscamos histórias, ancestralidade e representatividade para essa curadoria, a fim de dar voz a novos artistas que são engolidos e invisibilizados pelo  mainstream . O projeto nasceu de uma ação nossa no curso Música e Negócio da PUC Rio, em 2015, para apresentar e revelar os talentos e os produtores da turma. Ele ficou adormecido todo esse tempo esperando o melhor momento. Mas, agora que nasceu, a ideia é que ele aconteça mais vezes durante o ano”, finaliza Rafael. 

Redação Africanize

Redação do Africanize