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Responsável pelo sucesso de ‘Torto Arado – o musical’, adaptação para os palcos do livro homônimo, escritor baiano assume o roteiro e direção artística da celebração pelas cinco décadas do bloco do Curuzu, e trabalha também na sinopse de nova novela
Roteirista, dramaturgo e diretor artístico, Elísio Lopes Jr. é um profissional da escrita e da direção. Ao mesmo tempo em que traz para os palcos “Torto Arado - o musical”, sua adaptação pungente do best-seller de Itamar Vieira Junior, assina a direção e o roteiro do espetáculo dos 50 anos do Ilê Ayiê - primeiro bloco afro do Brasil - a ser realizada em 1º de novembro, em Salvador.
Em paralelo, ele que foi um dos autores de “Amor Perfeito”, novela em que fez sua estreia nesta função, após oito anos de TV Globo, desenvolve uma nova trama para às 18h, com os mesmos parceiros da primeira novela Duca Rachid e Júlio Fisher. Além do folhetim, Elísio escreve, em parceria com Igor Verde, o roteiro do filme “Quando casa, Maria Helena?” (título provisório), protagonizado por Cacau Protásio. Em todos esses trabalhos, seja na TV, no teatro, cinema ou outros espaços artísticos, um ponto em comum: a obstinação de um profissional em desconstruir, através da sua escrita potente, os estereótipos tão arraigados sobre brasilidade e diversidade, uma necessidade de falar sobre quem somos, quantas identidades existe na expressão "povo brasileiro".
O convite para transportar “Torto Arado” para o teatro veio de Fernanda Bezerra, produtora e dona da Maré Produções e de Aldri Anunciação, um dos adaptadores da obra junto com Elísio. Trabalho complexo, mas também um prato cheio para quem quer imprimir a sua marca, chamar atenção para o entendimento das identidades do Brasil e suas feridas. “As escolhas eram difíceis, o livro é rico e tem complexidades que são desafiadoras de se levar para o palco. Então, fui pela busca da identificação, onde eu estou nessa história? Aquelas personagens existem, não são apenas da ficção. E essa história não é velha, ela ainda acontece, e são dores muito próximas também de outros lugares e de muitas exclusões”, explica Elísio, também diretor do espetáculo, que conta a história das irmãs Bibiana e Belonísia, marcadas por um acidente de infância, que vivem em condições de trabalho escravo contemporâneo em uma fazenda no sertão da Chapada Diamantina (BA) e enfatiza o laço ancestral com a avó Donana.
O sucesso do musical, que estreou em Salvador com toda a temporada esgotada – e chega a São Paulo no dia 20 de novembro – fez com que o período da peça em cartaz no Teatro Sesc Casa do Comércio fosse estendido até dia 27 de outubro. Bem próxima à data do concerto de aniversário pelos 50 anos do bloco afro Ilê Ayiê, a ser realizado na Concha Acústica do TCA, cujo roteiro e direção artística estão nas mãos de Elísio. “Ao despertar para o centramento na questão preta, o Ilê ensinou à minha geração uma forma de se posicionar no mundo”, afirma o diretor, de 48 anos, que tinha família no Curuzu, bairro onde o bloco tem a sua base. “No Ilê eu descobri a minha beleza. Ali eu era como os outros e era bonito. Triste da criança que não tem em quem se espelhar. A força da representatividade é fundamental pra saúde mental da população preta brasileira.”
Foto: Caio Lirio
Entendendo cada vez mais a necessidade da identificação em todos os espaços, Elísio conseguiu em “Amor Perfeito” ver atores pretos em lugares de destaque, de protagonistas. “É a prova de que podemos contar uma trama de época, enxergando os negros em outras posições. Tínhamos professores, promotores, empresários, vilões e mocinhos brancos e pretos, e isso é Brasil. Não precisam alisar mais nossos cabelos. ‘Amor Perfeito’ fez o país amar um menino de cabelo black, achá-lo bonito e carismático. Foi uma novela onde um casal 60 mais, preto, se beijou na boca e se amou. São conquistas que me orgulham muito e que custaram uma construção artística, intelectual, mas também política. Ter escrito essa novela com Duca Rachid e Julio Fischer, e dirigida por André Câmara, foi um passo largo na construção de representatividade”, diz Elísio, que já desenvolve com seus parceiros um novo folhetim para às 18h, enquanto aguarda a estreia de “Reencarne”, uma série inédita, também com protagonismo preto e que deve ser lançada em 2025 pela Globoplay.
Se a cor da pele dos protagonistas das telenovelas, séries e filmes começa a ganhar uma tonalidade mais escura, o mesmo não se vê por trás das câmeras. Na visão de Elísio, ainda há espaços a serem preenchidos urgentemente em outras funções da dramaturgia, principalmente na TV. “São poucos roteiristas pretos chefiando salas, poucos diretores pretos no comando das produções. Estamos no início desse novo processo, devemos comemorar cada passo, mas não nos enganarmos com as proporções, falta muito”, garante o roteirista e diretor. “Não basta ter atores negros e o conteúdo ser pensado por pessoas que não conhecem a realidade de ter outra cor e viver no Brasil. Não é o fato de ter que ser um roteirista negro, mas é saber que estar numa pele negra, num país racista como o nosso, oferece experiências que precisam chegar às séries, filmes e novelas porque o brasileiro quer conhecer a sua história verdadeira. Quem nunca esteve numa pele negra, não viveu a tragédia racial que é o Brasil, não vai poder contar isso de dentro.”
Além dos trabalhos mais recentes, Elísio tem uma bagagem profissional respeitável. Formado em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas, pela Unifacs, e pós-graduado em Fotografia, Cinema, Vídeo e Mídias Digitais, além de Mestre em Comunicação, Cultura e Sociedade, em ambos os casos pela Universidade Federal da Bahia, o soteropolitano tem mais de trinta textos encenados em todo o Brasil, entre eles o musical “Dona Ivone Lara – Um sorriso negro”, “Alta Noite” e “O Fino no samba”.
Na TV, roteiros de séries de ficção como “Papo de Moleque” (TV Brasil, produção da TV Cufa) e “Parabólico” (Canal Brasil e Futura) bem como os programas de variedades “Espelho” (Canal Brasil), “Lazinho com Você”, “Esquenta” e “Se Joga”, (os três na TV Globo), levam a assinatura do multitalentoso baiano. No cinema, escreveu o roteiro de curtas e dos longas “Medida Provisória” - junto com Lusa Silvestre e Aldri Anunciação, dirigido por Lázaro Ramos - e “Ó paí ó 2”. Se não bastasse, ainda dirigiu e roteirizou DVD´s de espetáculos de artistas da MPB, entre eles Carlinhos Brown, Saulo, Margareth Menezes, Mariene de Castro e Ivete Sangalo. E ainda deixa sua marca na literatura, com destaque para os livros “Carne Fraca” (Fundação Casa de Jorge Amado); “Trilogia da Noite” (Editora Giostri), e MONOCONTOS - Histórias para ler e encenar (Editora Malê).
Casado, pai de três filhas, o roteirista, dramaturgo e diretor artístico se orgulha por construir uma trajetória que une talento, responsabilidade, afeto e comprometimento em fazer do mundo um lugar melhor. “Quero seguir sendo um contador de boas histórias sobre a vida e os sonhos que a gente nem imagina, mas podemos realizar. E o meu maior sonho é deixar uma herança para minhas filhas. Quero que elas possam sonhar mais do que eu, possam ter onde morar e a chance de estudar dignamente. Que possam escolher o que desejam ser no futuro.”
Redação do Africanize
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