Saúde
Cientistas descobrem que DNA africano foi excluído do mapa genético global
Cientistas africanos alertam que o mundo está negligenciando informações médicas cruciais ao ignorar a vasta diversidade genética do continente

A ausência do DNA africano nos bancos de dados genômicos globais tem gerado grande preocupação entre cientistas, que alertam para os impactos dessa lacuna na medicina e na compreensão da diversidade humana.
Apesar de o continente africano ser o berço da humanidade e abrigar a maior diversidade genética do planeta, grande parte dos estudos genéticos se concentra em populações europeias e asiáticas, ignorando informações fundamentais que poderiam revolucionar diagnósticos e tratamentos.
O pesquisador camaronês Ambroise Wonkam, presidente da Sociedade Africana de Genética Humana, destaca as graves consequências dessa exclusão. “Se não sabemos quais genes são essenciais para o diagnóstico de doenças genéticas em populações africanas, é impossível, como geneticista médico, tratar uma criança africana da mesma forma que trato uma criança europeia”, afirmou.

Para reforçar a importância da inclusão genética africana na ciência, pesquisadores da África do Sul conduziram um estudo com 426 pessoas de 50 etnias diferentes, identificando três milhões de variantes genéticas até então desconhecidas. Esses dados demonstram o potencial dos genomas africanos para aprimorar pesquisas biomédicas e garantir que os avanços científicos sejam mais representativos e equitativos.
Cientistas africanos alertam que o mundo está negligenciando informações médicas cruciais ao ignorar a vasta diversidade genética do continente. Atualmente, menos de 2% do sequenciamento genômico humano global provém de populações africanas, evidenciando a disparidade na pesquisa.
Embora os seres humanos compartilhem mais de 99,9% do DNA, pequenas variações genéticas desempenham um papel essencial na saúde e no funcionamento do organismo. Como os primeiros humanos evoluíram na África, as populações que permaneceram no continente preservaram uma vasta gama de genes únicos, tornando o DNA africano indispensável para avanços na medicina.
“Na verdade, precisamos de mais dados da África do que do resto do mundo”, enfatizou a geneticista sul-africana Michèle Ramsay.