26 de janeiro de 2025

Afri News

Casos de preconceito religioso aumentam no Rio de Janeiro, revela levantamento do ISP

Casos de intolerância religiosa aumentaram 80% no Brasil em 2024, com o Rio de Janeiro liderando o número de registros

• 21/01/2025
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Foto: Lazaro Menezes

Um levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontou que 72 casos de preconceito religioso foram registrados em delegacias do estado do Rio de Janeiro entre janeiro e setembro de 2024. O estudo revelou que o crime de “ultraje a culto” foi o mais comum, com 39 ocorrências, sendo 16 delas na capital fluminense. O número representa um aumento de 14 casos em relação ao mesmo período de 2023.

As delegacias também registraram 33 crimes relacionados à intolerância religiosa. A maior parte das vítimas tinha entre 30 e 59 anos, sendo 14 pessoas brancas e 13 pretas ou pardas. Residências foram o local mais frequente desses crimes, com oito ocorrências no município do Rio de Janeiro e cinco em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Contudo, especialistas alertam para a subnotificação, já que muitas vítimas não formalizam denúncias.

O governador Cláudio Castro destacou a importância da divulgação de dados como ferramenta para combater a intolerância religiosa. “A diversidade de crenças tem que ser respeitada, e as informações divulgadas pelo ISP desempenham um papel crucial para colocar luz nessas questões e subsidiar políticas públicas. Temos na Polícia Civil uma unidade especializada na investigação desses crimes, a Decradi”, afirmou.

Crescimento de denúncias no Brasil

Dados do Disque 100 revelaram que os casos de intolerância religiosa aumentaram 80% no Brasil em 2024, com o Rio de Janeiro liderando o número de registros. No estado, os crimes relacionados à discriminação e intolerância afetaram 2.783 pessoas, sendo a injúria por preconceito responsável por 62% das ocorrências.

Para o vice-presidente do ISP, Leonardo Vale, os números refletem desafios estruturais da sociedade brasileira. “Os dados revelam problemas profundos e estruturais que enfrentamos diariamente, como o racismo e a intolerância religiosa. Esses delitos continuam a impactar de forma desigual diferentes grupos sociais”, ressaltou.

Paralelamente, um estudo encomendado pelo professor Márcio de Jagun, babalorixá e pós-doutor em Ciências da Religião, mostrou que as instituições religiosas do Rio de Janeiro movimentam R$ 216,6 milhões por ano, gerando cerca de 5,7 mil empregos diretos com uma renda média mensal de R$ 2,9 mil. Bairros como Tijuca, Campo Grande e o Centro concentram grande parte dessas atividades, que impulsionam o comércio local.

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