• 21-11-2024

Foi através de um encontro fortuito com um jornalista, Audálio Dantas, que Carolina teve a oportunidade de apresentar seu diário a uma editora. Em 1958, após muitas tentativas e rejeições, seu manuscrito foi aceito pela Editora Francisco Alves, que viu o potencial de sua história única e poderosa.

Carolina Maria de Jesus teve uma educação formal limitada devido às circunstâncias de sua vida. Nascida em uma família pobre em  Minas Gerais , ela frequentou a escola por apenas dois anos. No entanto, sua sede de conhecimento a levou a aprender a ler por conta própria, aproveitando-se de qualquer material impresso que encontrasse, desde jornais até folhetos.  

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As escritoras Clarice Lispector e Carolina de Jesus durante o lançamento de um livro (Foto: Acervo de divulgação/ Editora Rocco)

 

Foi durante suas incursões como catadora de papelão nas ruas de São Paulo que Carolina começou a encontrar livros descartados e a devorá-los avidamente. Essa leitura voraz despertou sua imaginação e a inspirou a começar a escrever. Aos poucos, ela passou a registrar suas reflexões, pensamentos e experiências em cadernos que encontrava no lixo, dando início ao que se tornaria seu diário.  

 

O desejo de Carolina de compartilhar sua visão de mundo e de denunciar as injustiças sociais a levou a desenvolver um estilo de escrita único, direto e emocionante. Com o incentivo de amigos e vizinhos que admiravam seus textos, ela decidiu tentar publicar seu trabalho.  

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Carolina Maria de Jesus na redação do diário Última Hora, em 1960: sucesso com faceta perversa

 

Em  agosto de 1960 "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada"  foi lançado, catapultando Carolina Maria de Jesus para a fama literária nacional e internacional. O livro foi um sucesso imediato, recebendo elogios da crítica e do público por sua honestidade brutal e sua capacidade de dar voz aos marginalizados.  

 

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Audálio e Carolina Maria de Jesus

Apesar do reconhecimento e do sucesso de seus livros, Carolina continuou a enfrentar dificuldades financeiras e pessoais ao longo de sua vida. Ela  faleceu em 13 de fevereiro de 1977 , aos 62 anos de idade, em consequência de um infarto agudo do miocárdio. Sua morte foi um golpe para a comunidade literária brasileira, mas seu legado como uma das primeiras escritoras negras a alcançar sucesso internacional no Brasil permanece vivo até hoje.   

Cibele Almeida

Diretora de Conteúdo e comunicadora apaixonada por música, moda e tudo que se relaciona à comunidade negra.