22 de outubro de 2025

Saúde

Anvisa autoriza fabricação de antídoto injetável contra intoxicação por metanol no Brasil

Medida emergencial permite produção nacional de etanol farmacêutico para conter surto de envenenamento por bebidas adulteradas

• 13/10/2025
Thumbnail
Reprodução: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, em caráter emergencial, a fabricação de um antídoto injetável contra intoxicação por metanol, substância tóxica usada irregularmente na produção de bebidas alcoólicas adulteradas. A decisão, publicada na Resolução-RE nº 994/2025, permite que o laboratório Cristália produza o primeiro lote de etanol farmacêutico injetável, com 12 mil ampolas destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O medicamento age bloqueando a conversão do metanol em ácido fórmico composto responsável pelos efeitos mais graves da intoxicação, como cegueira, convulsões e falência de órgãos. Segundo a Anvisa, a liberação atende a um cenário de emergência sanitária, diante do aumento de casos de envenenamento por bebidas clandestinas em diversas regiões do país.

Até o momento, o Ministério da Saúde confirmou 29 casos e cinco mortes ligadas à contaminação por metanol, com registros principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Outras 217 notificações suspeitas estão sob investigação.

A Anvisa também iniciou a importação de 2,6 mil unidades do antídoto fomepizol, usado em países da Europa e nos Estados Unidos, que possui ação semelhante, porém com menos efeitos colaterais do que o etanol injetável. Enquanto o medicamento estrangeiro não chega em quantidade suficiente, a produção nacional surge como uma medida de contenção imediata.

O etanol injetável, apesar de ser eficaz, requer administração médica controlada, já que pode provocar efeitos de embriaguez e alterações metabólicas quando usado de forma incorreta. Por isso, a aplicação será feita exclusivamente em ambientes hospitalares.

A decisão reforça o alerta sobre os riscos do consumo de bebidas de origem desconhecida, especialmente em momentos de crise econômica, quando produtos falsificados tendem a circular com mais frequência. O Ministério da Saúde reforça que nenhuma bebida sem registro e rótulo claro deve ser consumida, e que sintomas como tontura, visão turva e náuseas após a ingestão de álcool devem ser tratados como emergência médica.

TAGS: