Saúde
Anvisa autoriza fabricação de antídoto injetável contra intoxicação por metanol no Brasil
Medida emergencial permite produção nacional de etanol farmacêutico para conter surto de envenenamento por bebidas adulteradas

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, em caráter emergencial, a fabricação de um antídoto injetável contra intoxicação por metanol, substância tóxica usada irregularmente na produção de bebidas alcoólicas adulteradas. A decisão, publicada na Resolução-RE nº 994/2025, permite que o laboratório Cristália produza o primeiro lote de etanol farmacêutico injetável, com 12 mil ampolas destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O medicamento age bloqueando a conversão do metanol em ácido fórmico composto responsável pelos efeitos mais graves da intoxicação, como cegueira, convulsões e falência de órgãos. Segundo a Anvisa, a liberação atende a um cenário de emergência sanitária, diante do aumento de casos de envenenamento por bebidas clandestinas em diversas regiões do país.
Até o momento, o Ministério da Saúde confirmou 29 casos e cinco mortes ligadas à contaminação por metanol, com registros principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Outras 217 notificações suspeitas estão sob investigação.
A Anvisa também iniciou a importação de 2,6 mil unidades do antídoto fomepizol, usado em países da Europa e nos Estados Unidos, que possui ação semelhante, porém com menos efeitos colaterais do que o etanol injetável. Enquanto o medicamento estrangeiro não chega em quantidade suficiente, a produção nacional surge como uma medida de contenção imediata.
O etanol injetável, apesar de ser eficaz, requer administração médica controlada, já que pode provocar efeitos de embriaguez e alterações metabólicas quando usado de forma incorreta. Por isso, a aplicação será feita exclusivamente em ambientes hospitalares.
A decisão reforça o alerta sobre os riscos do consumo de bebidas de origem desconhecida, especialmente em momentos de crise econômica, quando produtos falsificados tendem a circular com mais frequência. O Ministério da Saúde reforça que nenhuma bebida sem registro e rótulo claro deve ser consumida, e que sintomas como tontura, visão turva e náuseas após a ingestão de álcool devem ser tratados como emergência médica.