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Ministra da Igualdade Racial do Brasil concedeu uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo (06)
No último domingo (6), o Fantástico exibiu uma entrevista impactante com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que abordou pela primeira vez publicamente a denúncia de importunação sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Anielle, que prestou depoimento à Polícia Federal na última semana, relatou o difícil processo de lidar com a violência sexual, a razão pela qual manteve silêncio inicialmente e a reflexão sobre como mulheres, mesmo em posições de poder, são alvos de violência.
A ministra relembrou o momento em que formalizou a denúncia à polícia. "Nenhuma situação de violência é fácil, ainda mais para quem vive", afirmou. Segundo Anielle, o processo de reviver o episódio foi desafiador e a fez refletir sobre as consequências emocionais. "Eu decidi que falaria primeiro nas instâncias devidas", explicou, ressaltando que o silêncio, muitas vezes, surge como uma forma de lidar com a culpa e a insegurança geradas pela violência.
O ex-ministro Silvio Almeida foi demitido após as denúncias serem reveladas. Durante a entrevista, Anielle detalhou como os episódios de importunação começaram com "falas e cantadas mal postas", escalando para atitudes desrespeitosas que a deixaram desconfortável. "A gente nunca teve nenhum tipo de intimidade para que eu desse qualquer tipo de condição para ele fazer o que ele fez", afirmou enfaticamente.
Anielle Franco levou um mês para falar publicamente sobre o assunto, e explicou a dificuldade de se expor. "Tem estágios que fazem você se sentir culpada, insegura, vulnerável", declarou. A advogada e presidente do Me Too Brasil, Marina Ganzarolli, reforçou que a demora na denúncia é um comportamento comum. "O ato de revelação nunca é um evento único, é um processo", disse Marina, destacando que a maioria das mulheres nunca denuncia a violência sofrida, e que romper o silêncio exige coragem.
Durante a entrevista, Anielle ressaltou a necessidade de parar de normalizar a desconfiança em relação à palavra das vítimas de violência sexual. "A vítima é a vítima. A palavra da mulher precisa valer", declarou, apontando para o julgamento que as mulheres enfrentam ao denunciarem casos de assédio ou importunação. A ministra ressaltou também a responsabilidade que sente ao ocupar seu cargo. "Eu, hoje, enquanto ministra de Estado, mãe, feminista, negra, irmã, tenho uma responsabilidade de combater e fazer com que esse país vire um lugar melhor para todos nós", concluiu.
Redação do Africanize
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