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África do Sul reabre inquérito sobre a morte de Steve Biko, ícone da luta contra o apartheid
Quase cinco décadas depois, Estado busca respostas sobre um dos capítulos mais brutais da repressão

O Ministério Público da África do Sul anunciou a reabertura do inquérito sobre a morte de Steve Biko, líder do Black Consciousness Movement e um dos maiores símbolos da resistência contra o apartheid. O ativista morreu em 12 de setembro de 1977, sob custódia policial, em circunstâncias que por décadas permaneceram marcadas por versões oficiais contraditórias e impunidade.
Preso por desafiar as restrições impostas pelo regime, Biko foi detido em Port Elizabeth e submetido a tortura. Relatos históricos apontam que permaneceu nu e acorrentado por dias, sem atendimento médico adequado, até ser transferido inconsciente para Pretória, onde morreu. À época, um inquérito oficial concluiu que sua morte teria ocorrido após “bater a cabeça na parede”, e nenhum policial foi responsabilizado.
Anos mais tarde, durante a Comissão de Verdade e Reconciliação de 1997, agentes admitiram agressões, mas tiveram pedidos de anistia negados por apresentarem relatos inconsistentes. Agora, com a decisão de reabrir o processo em setembro de 2025, autoridades afirmam buscar elementos que apontem atos ou omissões criminosas de agentes do Estado, em diálogo com a família de Biko.
A medida não representa apenas um ato jurídico: é também um gesto de reparação histórica. O nome de Steve Biko continua vivo como símbolo da luta pela dignidade, pela consciência negra e pelo fim do apartheid. A reabertura do caso sinaliza o compromisso de uma África do Sul democrática em enfrentar as feridas do passado e reafirmar que crimes políticos não devem cair no esquecimento.