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Rigathi Gachagua acumulou um patrimônio de 5,2 bilhões de xelins (aproximadamente €35,96 milhões) em apenas dois anos
Uma crescente tensão política no Quênia coloca em risco a aliança entre o presidente William Ruto e seu vice, Rigathi Gachagua. O que antes era uma parceria sólida agora parece estar desmoronando, com uma moção de impeachment contra Gachagua ganhando força no parlamento. Ao todo, 291 parlamentares já assinaram o pedido, muito além do necessário para levá-lo a votação, sinalizando um momento crítico para a política queniana.
A moção foi apresentada por Mwengi Mutuse, membro da própria coalizão de Ruto, e é baseada em graves acusações de corrupção. Segundo Mutuse, Gachagua acumulou um patrimônio de 5,2 bilhões de xelins (aproximadamente R$219.048.000) em apenas dois anos, apesar de seu salário anual de € 83.520. Entre as 11 acusações que pesam contra o vice-presidente estão a lavagem de dinheiro e a contradição pública ao presidente Ruto.
Além disso, Gachagua comparou o governo a uma empresa, sugerindo que os eleitores de sua coalizão teriam prioridade em empregos públicos e projetos de desenvolvimento, o que gerou forte repercussão. O Ministro do Trabalho, Alfred Mutua, declarou em uma rede social: "Esta moção não é sobre política, mas sobre salvar a alma do Quênia", ressaltando a gravidade das acusações e o impacto negativo do tribalismo e da corrupção no país.
Gachagua nega as acusações
Gachagua, de 59 anos, é um empresário influente da região de Monte Quênia, uma área estratégica em termos de votos. Ele negou todas as acusações, alegando que as motivações são políticas e que, nos últimos meses, foi marginalizado por Ruto. O vice-presidente também se distanciou de qualquer envolvimento nos protestos antigovernamentais violentos, que resultaram em mais de 50 mortes. Esses protestos foram provocados por aumentos de impostos e levaram Ruto a incluir membros da oposição em seu governo, um movimento que diminuiu ainda mais a influência de Gachagua.
Apesar das negações, o processo de impeachment avança. Segundo especialistas, essa pode ser uma estratégia política para desviar a atenção de outras crises internas.
"A melhor maneira de desviar a atenção dessas crises é criar uma crise em nome da necessidade de consertar o vice-presidente" , afirmou Macharia Munene, professora da Universidade Internacional dos Estados Unidos, em Nairóbi.
Se a moção for aprovada pela Assembleia Nacional com uma maioria de dois terços, o processo seguirá para o Senado, onde Gachagua ou seu representante poderão se defender antes da votação final. Caso seja aprovado, o vice-presidente poderá se tornar o primeiro na história do Quênia a ser deposto desde a promulgação da Constituição de 2010. O último caso semelhante ocorreu em 1989, quando o então vice-presidente Josephat Karanja renunciou ao enfrentar um voto de desconfiança.
Redação do Africanize
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