Cinema e TV
Taís Araújo revela que críticas ao papel de Helena em ‘Viver a Vida’ a fizeram abraçar a negritude em suas atuações
Atriz relembra resistência do público à sua escalação como protagonista da novela das nove e como o episódio redefiniu sua trajetória artística
Em uma fala potente durante participação em um evento recente, Taís Araújo relembrou um dos momentos mais marcantes, e difíceis, de sua carreira: a repercussão negativa de sua escalação como a personagem Helena na novela Viver a Vida, exibida em 2009 pela TV Globo.
Primeira mulher negra a interpretar uma protagonista de Manoel Carlos no horário nobre, Taís revelou que as críticas recebidas na época foram tão intensas que a fizeram repensar toda a sua forma de atuar e, sobretudo, a maneira como encarava sua identidade racial na televisão.
“Foi a partir dali que eu abracei a minha negritude de verdade nas minhas atuações”, disse a atriz. “Eu entendi que ser uma mulher preta naquele lugar era político, era resistência. E que o meu corpo em cena nunca seria neutro. Então decidi fazer disso uma escolha consciente.”
Apesar de já ter feito história ao protagonizar Xica da Silva (1996), Taís enfrentou resistência quando assumiu o papel de uma personagem tradicionalmente reservada a mulheres brancas nas tramas do autor. A reação do público e da crítica abalou sua autoestima profissional, mas também funcionou como um ponto de virada.
Hoje, mais de uma década depois, Taís Araújo é reconhecida como uma das principais atrizes do país, e referência de representatividade negra na TV. Ao lado de nomes como Zezé Motta e Lázaro Ramos, ela ocupa com firmeza os espaços que ajudou a abrir para uma nova geração de artistas pretos no Brasil.
“Se naquela época foi difícil, hoje é gratificante olhar para trás e ver o quanto a gente avançou, mesmo que ainda haja muito por fazer”, completou.
