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Rio de Janeiro vive a operação mais letal de sua história: moradores denunciam mais de 100 mortos no Complexo da Penha
Após uma megaoperação policial que já deixou 64 mortos oficialmente, moradores levaram mais de 50 corpos à Praça São Lucas em protesto
O Rio de Janeiro amanheceu em luto e revolta. Na madrugada desta quarta-feira (29), moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte da cidade, levaram ao menos 55 corpos à Praça São Lucas. Os cadáveres, dispostos em fila sobre o asfalto, seriam de vítimas da megaoperação policial iniciada na terça-feira (28), ação que já é considerada a mais letal da história do estado.
Segundo o governo do Rio, 64 pessoas morreram, sendo 60 classificadas como suspeitos e quatro policiais. No entanto, o número pode ser muito maior. O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que os corpos levados pelos moradores não constam no balanço oficial. Caso sejam confirmados, o total de vítimas pode ultrapassar 100 mortos.
Os relatos vindos da comunidade descrevem uma madrugada de terror. Moradores afirmam que muitos corpos estavam espalhados pela área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, região onde ocorreram os confrontos mais intensos entre forças de segurança e integrantes do Comando Vermelho. Há denúncias de que ainda restam cadáveres no alto do morro, sem remoção até o momento.
A operação, batizada de “Operação Contenção”, mobilizou cerca de 2.500 agentes de diferentes forças. O objetivo seria desarticular uma rede criminosa que atua nas comunidades do Alemão e da Penha. Mas o que se viu foi um cenário de guerra: blindados nas ruas, helicópteros e famílias inteiras se abrigando sob tiros que duraram horas.
Nas redes sociais, moradores, jornalistas e organizações de direitos humanos denunciam o colapso humanitário em curso. Escolas, comércios e unidades de saúde suspenderam o funcionamento. Nas favelas, o medo tomou o lugar da rotina. “É um massacre, não uma operação”, declarou uma moradora em vídeo divulgado na internet.
Enquanto o governo estadual defende a ação como necessária para conter o avanço do crime organizado, deputados federais e entidades civis cobram investigação independente sobre o número real de mortos e as circunstâncias das execuções.




