África
Quênia deve ultrapassar Etiópia e se tornar maior economia da África Oriental em 2025
Projeções do FMI indicam mudança histórica na liderança econômica da região

O Quênia está a caminho de se tornar a maior economia da África Oriental em 2025, ultrapassando a Etiópia, segundo as últimas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). A estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) queniano alcance US$ 132 bilhões, enquanto o etíope deve chegar a US$ 117 bilhões.
A mudança reflete o impacto de escolhas políticas e condições macroeconômicas contrastantes nos dois países. Em 2024, a Etiópia desvalorizou sua moeda, o birr, em mais de 55%, medida que viabilizou o desbloqueio de US$ 3,4 bilhões em apoio do FMI e US$ 16,6 bilhões do Banco Mundial. Apesar do alívio financeiro, a decisão impulsionou a inflação e elevou os custos de importação, agravando a crise provocada por conflitos internos e mudanças climáticas.
Já o Quênia apresentou resiliência macroeconômica: o xelim queniano valorizou 21% em 2024, tornando-se a moeda com melhor desempenho global no ano, segundo analistas de mercado. Essa alta foi sustentada pela emissão bem-sucedida de um eurobônus de US$ 1,5 bilhão, remessas recordes da diáspora (US$ 4,94 bilhões) e crescimento robusto nos setores agrícola e de manufatura.
Apesar disso, o Quênia também enfrentou turbulências internas. O polêmico Projeto de Lei Financeira de 2024, que propôs amplas mudanças tributárias, provocou protestos generalizados e prejuízos a investidores. Como reação, o governo abandonou um programa de quatro anos com o FMI no valor de US$ 3,6 bilhões, gerando incertezas sobre a continuidade de políticas econômicas.
Ainda assim, o modelo econômico diversificado do Quênia e a confiança renovada dos investidores têm permitido ao país enfrentar melhor a desaceleração global. O FMI prevê que o crescimento mundial caia de 3,3% em 2023 para 2,8% em 2024.