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População da RD Congo protesta contra invasão de Ruanda no país e queima embaixadas e complexo da ONU
Grupo M23 afirmou ter tomado o controle de Goma na segunda-feira (27)
A crise no leste da República Democrática do Congo (RDC) levou a uma onda de protestos na capital Kinshasa nesta terça-feira (28). Manifestantes atacaram um complexo da Organização das Nações Unidas (ONU) e embaixadas de países como Ruanda, França e Estados Unidos, em resposta à insurgência do grupo rebelde M23, que intensificou sua ofensiva na cidade de Goma.
Os manifestantes carregavam bandeiras congolesas, queimaram pneus e bloquearam estradas, jurando lealdade ao presidente Felix Tshisekedi. A mobilização ocorreu a milhares de quilômetros do epicentro do conflito, mas reflete o aumento da tensão em todo o país.
O grupo M23 afirmou ter tomado o controle de Goma na segunda-feira (27), cidade estratégica que já havia sido ocupada brevemente pelos rebeldes em 2012. Desde 2022, o grupo intensificou sua ofensiva contra o governo congolês.
A RDC e governos estrangeiros alegam que as forças ruandesas estão operando dentro do território congolês, apoiando o M23. A manifestante Jeanine Ngalula criticou diretamente o presidente de Ruanda, Paul Kagame. “Se Kagame chegar aqui em Kinshasa e tomar o lugar do presidente Tshisekedi, ele não poderá governar. O Congo é nosso país, a terra dos nossos ancestrais”, disse.
Moradores de Goma relataram explosões e tiroteios durante a noite perto do aeroporto da cidade, que agora está fechado. A cidade, um importante centro humanitário e comercial, abriga centenas de milhares de deslocados pelo conflito prolongado na região.
O presidente Paul Kagame afirmou na plataforma X que discutiu com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, a necessidade de um cessar-fogo. No entanto, não indicou qualquer intenção de retirar as forças da região.
A revolta popular em Kinshasa também mira na atuação de países ocidentais. “Tudo isso é por causa de Ruanda. O que Ruanda está fazendo é em cumplicidade com a França, Bélgica, Estados Unidos e outros. O povo do Congo está cansado. Quantas vezes devemos morrer?”, afirmou um manifestante à Reuters.
Enquanto isso, os apelos pelo diálogo perdem força entre os manifestantes. “Chega de conversa, temos que lutar. Não podemos mais dialogar neste país. Estamos orgulhosos de nos levantar e lutar contra o inimigo”, disse o manifestante Eric Boyololo.
O conflito no leste da RDC já deslocou mais de seis milhões de pessoas e envolve cerca de 100 grupos armados que disputam território na região rica em minerais.
