Afri Júri
Mudanças climáticas ampliam desigualdades sociais na população negra, aponta pesquisa
Boletim aponta que as crises climáticas afetam principalmente setores como a agricultura familiar e o trabalho informal
Um estudo divulgado pelo Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC), em parceria com o CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) e com o apoio técnico do Ministério da Igualdade Racial, revela como as mudanças climáticas estão intensificando as desigualdades sociais no Brasil, com impacto direto na população negra. O boletim aponta que as crises climáticas afetam principalmente setores como a agricultura familiar e o trabalho informal, prejudicando a geração de emprego e renda para esse grupo.
O representante do CBJC, Junior Aleixo, explicou que a relação entre desigualdades estruturais e as crises climáticas torna a situação ainda mais crítica. “Essas desigualdades estruturais se intensificam à medida que as crises climáticas pressionam setores como a agricultura familiar e o trabalho informal”, afirmou.
De acordo com os dados apresentados no boletim, os trabalhadores negros continuam a enfrentar barreiras econômicas significativas. Eles recebem, em média, apenas 60% do salário de trabalhadores brancos. Apesar de representarem 53,8% da força de trabalho no país, apenas 29,5% desses trabalhadores ocupam cargos gerenciais. No campo, os pequenos agricultores, majoritariamente negros, têm menos acesso a tecnologias que poderiam mitigar os impactos de eventos climáticos extremos, como secas e enchentes.
Os efeitos das mudanças climáticas são sentidos tanto nas áreas rurais quanto nos centros urbanos. No campo, a redução da produtividade na agricultura familiar tem comprometido a segurança alimentar e o sustento de muitas famílias. Já nas cidades, problemas como infraestrutura inadequada, mobilidade urbana precária e exposição crescente à poluição dificultam ainda mais a vida da população negra, que já enfrenta condições desiguais de acesso a recursos e oportunidades.
O estudo reforça a urgência de políticas públicas que enfrentem a desigualdade social agravada pelos impactos climáticos. Investimentos em tecnologias que promovam a resiliência dos trabalhadores e das comunidades mais vulneráveis são apontados como fundamentais para mitigar essas desigualdades.
Para Aleixo, a inação diante dessas questões pode perpetuar a exclusão social no Brasil. “Sem ações estruturais e efetivas, as crises climáticas continuarão aprofundando a exclusão social, prejudicando ainda mais a população negra”, concluiu.