26 de novembro de 2025

Celebridades

Lupita Nyong’o expõe frustração com papéis oferecidos após o Oscar: “Não sou uma teoria, sou uma pessoa”

Atriz revela que Hollywood tentou confiná-la em narrativas de escravidão mesmo depois de seu desempenho premiado em “12 Anos de Escravidão”

Barbara Braga | 25/11/2025
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Reprodução: @emjbhe | @lupitanyongo

Lupita Nyong’o, vencedora do Oscar em 2014 por  “12 Anos de Escravidão”, voltou a falar sobre o impacto daquele papel em sua carreira e, principalmente, sobre o que veio depois. Em entrevista recente à CNN Africa, a atriz afirmou que, após a maior premiação do cinema, a expectativa era a de que portas se abrissem para personagens complexas, diversas e protagonistas. Mas não foi isso que aconteceu.

Segundo Lupita, a maioria das propostas que chegava era uma variação do mesmo tema: papéis de mulheres escravizadas, inclusive convites específicos para interpretar mais uma personagem em um navio negreiro.

“Depois que ganhei o Oscar, você pensa que vão aparecer alguns papéis de destaque. Em vez disso, era: ‘Lupita, temos mais uma personagem escravizada para você’”, relatou.

A atriz também comentou como sua presença pública, uma mulher africana, de pele escura e internacionalmente celebrada, gerou um tipo de ansiedade racializada na indústria e na crítica. “Havia textos dizendo: ‘Será este o começo ou o fim da carreira dessa mulher africana de pele escura?’”, relembrou.

“Eu tive que me calar para todos esses pontificadores porque, no fim do dia, eu não sou uma teoria. Sou uma pessoa de carne e osso”, afirmou.

A reflexão de Nyong’o toca em um ponto central para artistas negras em Hollywood: reconhecimento não significa liberdade. Mesmo após receber o maior prêmio da indústria, a atriz se viu enquadrada por estereótipos que atravessam décadas de produção cinematográfica: sofrimento, escravidão, trauma, violência.

Ao rejeitar esses papéis, Lupita fez escolhas estratégicas para preservar sua imagem e expandir imaginários. A atriz construiu um caminho que passa por franquias globais (Star Wars, Pantera Negra), filmes de terror psicológico (Us), produções de ação e ficções contemporâneas.

A fala da atriz chega em um momento em que Hollywood discute diversidade real, e não apenas simbólica. Sua postura pressiona roteiristas, estúdios e produtores a ampliarem repertórios e a investirem em personagens que não reforcem estigmas.

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Barbara Braga