1 de novembro de 2025

Música

Lorena Pires estreia na Academia de Ópera de Paris

Cantora capixaba de origem quilombola é a primeira mulher brasileira a integrar a instituição

• 22/09/2025
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Reprodução: @operaesogostar | @lorenapires.s | @liciobruno

Aos 25 anos, a soprano Lorena Pires acaba de viver um momento histórico, onde estreiou na Academia de Ópera de Paris, uma das instituições mais prestigiadas do mundo, com 350 anos de tradição. Nascida em Vitória (ES) e de origem quilombola, ela se tornou a primeira mulher brasileira a integrar oficialmente o programa voltado à formação de jovens artistas líricos.

Em entrevista à GloboNews, Lorena relembrou o instante em que recebeu a notícia de sua aprovação:

“Eu lembro como se fosse ontem quando recebi o e-mail. Foi um momento muito legal. Eu tava documentando tudo: a audição, a reação de receber a aprovação, contar para minha mãe”.

A trajetória da cantora começou em outro gênero. Antes de se dedicar ao canto lírico, Lorena transitava pelo pop, mas foi em 2016 que descobriu a ópera e decidiu mergulhar de vez nesse universo. Ingressou na Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES) e rapidamente se destacou pelo timbre e interpretação. Em 2022, conquistou o primeiro lugar no concurso Joaquina Lapinha, voltado para cantores negros, pardos e indígenas.

Agora em Paris, Lorena se junta a outros dois brasileiros que também fazem parte da academia: o cantor Luís Felipe Souza e o pianista Ramon Theobald, o primeiro brasileiro a ingressar na instituição.

Apesar da conquista, a soprano não esconde os desafios enfrentados no caminho.

“Ser um cantor negro no Brasil, ser uma mulher negra e cantora. São muitas coisas que a gente tem que ouvir, muitos sapos que a gente tem que engolir. Foi bem difícil emocionalmente vir para cá, tanto financeiramente quanto emocionalmente. Mas eu tenho minhas bases muito fortes. Sei onde quero chegar e o que preciso fazer para chegar lá”, afirmou.

A estreia de Lorena Pires na Ópera de Paris é mais que uma vitória individual: é um marco simbólico para a representatividade brasileira na música erudita, inspirando jovens a enxergar novas possibilidades em um cenário historicamente restrito.

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