Um ataque aéreo realizado em um mercado na cidade de Kabkabiya, no norte de Darfur, resultou na morte de mais de 100 pessoas e deixou centenas de feridos na segunda-feira (08), segundo o grupo de advogados pró-democracia Emergency Lawyers.
O episódio ocorre em meio a uma guerra de 20 meses entre as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares e o exército do Sudão, que devastou o país do nordeste da África.
De acordo com o grupo, o ataque ocorreu durante o mercado semanal da cidade, onde moradores de vilas próximas se reuniam para realizar compras. Entre as vítimas estavam mulheres e crianças. Os advogados classificaram o incidente como um "massacre horrendo", atribuindo os bombardeios ao exército sudanês. No entanto, as forças militares negaram envolvimento, alegando que as acusações são “mentiras” disseminadas por apoiadores da RSF.
Foto: AFP
O conflito entre as RSF e o exército do Sudão já deixou dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, colocando o país à beira da fome, segundo agências humanitárias. Em Darfur, região que abriga cerca de 10 milhões de pessoas, mais da metade da população já foi forçada a abandonar suas casas.
A cidade de Kabkabiya está sob cerco das RSF desde maio, enquanto a capital do estado, El Fasher, enfrenta situação semelhante. Em imagens fornecidas à Agence France-Presse por um grupo da sociedade civil, moradores aparecem revirando os escombros do mercado, onde restos mortais de crianças podiam ser vistos no chão queimado. A autenticidade das imagens, no entanto, não foi confirmada de forma independente pela agência.
Em outro incidente na segunda-feira à noite, bombas de barril atingiram três bairros na cidade de Nyala, capital de Darfur do Sul, sem registro de vítimas, segundo o Emergency Lawyers.
A região de Darfur, comparável ao tamanho da França, é palco de intensa violência desde o início do conflito. Grupos de direitos humanos têm denunciado violações graves, incluindo ataques a civis e deslocamento forçado.