29 de dezembro de 2024

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Festa universitária zomba com assassinato de George Floyd gera discussões sobre racismo no Peru

Ministério da Cultura peruano denunciou os estudantes ao Ministério Público, classificando o ato como potencial incitação à discriminação

Redação Africanize• 28/10/2024
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O Peru se encontra em meio a um intenso debate sobre racismo após um episódio de discriminação envolvendo estudantes universitários. Em um vídeo divulgado em 16 de setembro, estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP) aparecem zombando de George Floyd, o homem negro norte-americano cuja morte sob custódia policial em 2020 gerou protestos globais contra a violência policial e o racismo. 

Durante a festa, os jovens entoaram “Não consigo respirar” e prepararam um bolo cor-de-rosa que combinava o rosto de Floyd com o logotipo da banda Pink Floyd, acompanhado da música “Breathe”, da banda britânica. O vídeo acumula quase 7 milhões de visualizações na plataforma X, gerando um debate nacional sobre a discriminação racial no país.

Diante da repercussão, o Ministério da Cultura peruano denunciou os estudantes ao Ministério Público, classificando o ato como potencial incitação à discriminação, prevista no Código Penal peruano. A PUCP, por sua vez, expressou “categórico rechaço” ao episódio e iniciou um processo disciplinar contra os envolvidos, enquanto um escritório de advocacia dispensou dois dos participantes.

Debate sobre discriminação étnica no Peru

O Peru possui uma população diversificada, com 60,2% dos habitantes se considerando mestiços, 25,7% indígenas, 5,9% brancos e 3,6% afrodescendentes, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Informática. Contudo, essa diversidade étnica convive com fortes manifestações de racismo, especialmente contra populações negras e indígenas. 

A jornalista e apresentadora do programa “Afroraíces”, Sofía Carrillo Zegarra, destaca que o racismo no Peru é um problema amplamente reconhecido, embora muitos cidadãos hesitem em admitir sua própria responsabilidade na questão. “Mais de 50% dos peruanos reconhece o racismo no país, mas apenas 8% se vê como racista ou muito racista”, afirma Carrillo, apontando que essa negação impede avanços concretos.

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