31 de março de 2025

Cultura

Feira Preta adia edição de 2024 por falta de patrocinadores e planeja evento em Salvador

Na última edição, a Feira Preta movimentou cerca de R$ 14 milhões, beneficiando diretamente 170 empreendedores negros e gerando cerca de 600 empregos temporário

• 27/03/2025
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Foto: Nego Junior/Divulgação

O Festival Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina, adiou sua edição de 2024 para 2026 devido à falta de patrocinadores. O evento, que estava programado para ocorrer em maio no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, foi impactado pela dificuldade na captação de recursos.

De acordo com a idealizadora do festival, Adriana Barbosa, a burocracia interna das grandes empresas tem dificultado a liberação de investimentos, tornando o processo mais complexo. “Começamos a captar recursos em julho do ano passado, mas só conseguimos 40%. Algumas negociações que já estavam fechadas não foram efetivadas”, explicou.

O festival exige uma pré-produção de vários meses, e, sem garantias financeiras suficientes, a organização optou pelo adiamento. “O tempo foi passando, e os custos foram surgindo. Chegou uma hora em que não havia mais dinheiro em caixa para continuar sem uma certeza”, acrescentou Adriana.

O adiamento reflete um cenário mais amplo de redução de investimentos corporativos em eventos culturais voltados à diversidade. Festivais como o Batekoo também enfrentaram desafios semelhantes no ano passado. No entanto, a organização da Feira Preta pretende realizar uma edição do evento em Salvador, em novembro.

Desde 2017, o Instituto Feira Preta mantém iniciativas formativas na capital baiana, além da Embaixada Preta Cachoeira no Recôncavo Baiano, promovendo o empreendedorismo negro na região. “As negociações já feitas e que avançaram serão transferidas para Salvador”, afirmou Adriana.

Os empreendedores inscritos para a edição de São Paulo seguem em processo de curadoria para possível participação no evento na Bahia. A organização também busca viabilizar outras iniciativas ao longo do ano para criar oportunidades de negócios.

Quem já comprou ingressos para a edição paulista será contatado para reembolso. No entanto, algumas empresas desistiram de levar recursos para Salvador, o que mantém a organização em processo de captação de investimentos.

“É uma pena porque os empreendedores deixam de vender. Muitos se preparam e produzem em grande escala para o festival. Essa é a parte que mais me entristece”, lamentou Adriana.

Na última edição, a Feira Preta movimentou cerca de R$ 14 milhões, beneficiando diretamente 170 empreendedores negros e gerando cerca de 600 empregos temporários. O evento contou com apresentações de artistas como Mart’nália, Arlindinho, Leci Brandão, Luedji Luna, Preta Gil e Majur.

Apesar do adiamento, Adriana reforça o compromisso de manter viva a missão do festival. “Seguimos firmes no compromisso de criar espaços de potência e visibilidade para o empreendedorismo negro. Estamos buscando novos modelos de financiamento e parcerias para garantir a continuidade do festival nos próximos anos”, concluiu.

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