Conheça J. Eskine, cantor baiano por trás do hit de carnaval 'Resenha do Arrocha'
12 de fevereiro de 2025
Entrevistas
Conheça J. Eskine, cantor baiano por trás do hit de carnaval 'Resenha do Arrocha'
Conhecido como gangster do arrocha, astro faz sucesso nas plataformas de música do Spotify
Danilo Castro• 24/01/2025
Foto: Gabriel Cerqueira @gabbrielcerqueira
Calma vida, tá de boa! Se a música ‘Resenha do Arrocha’ não grudou na sua cabeça nos últimos meses, é porque você não ouviu direito. O hit baiano, que está entre as dez músicas mais ouvidas nas plataformas de streaming, tem um objetivo claro: resenhar sem compromisso. Mas para JEskine, conhecido como gangster do arrocha, a faixa é muito mais que isso. Ela impulsionou os seus sonhos na música.
Jonathan Eskine, de 25 anos, nasceu no bairro Uruguai, na Cidade Baixa de Salvador, na Bahia. Mas só de música tem nove anos. O cantor conta que começou aos 16, quando criou uma banda de música no colégio. “Eu peguei o violão do meu tio em casa, era um velho que ele guardava em cima do guarda-roupa e comecei a praticar. Mais adiante, comecei a tocar no colégio, junto com uma banda chamada Eskine. Daí vem o nome”, explica.
“Eu pensei no nome Eskine e coloquei o nome na banda. E aí fazíamos apresentações no colégio. Depois de um tempo a banda se desfez, cada um foi para outros colégios, e eu continuei na música”, conta o músico.
Se hoje ele é intitulado ‘Gangster do Arrocha’, no início foi diferente. J. Eskine começou em uma banca de rap, como guitarrista e compositor. Ele já chegou a integrar uma das faixas do ‘Poesia Baiana’, projeto de rap acústico da Bahia. “Eu escrevi parte da música, e na época cantei no violão, e parecia que era um arrocha. Pensei: ‘Essa música dá muito um arrocha’, só que eu não podia gravar no ritmo porque era uma faixa do projeto. Depois de um tempo, gravamos e deu muito bom.”
“Não deu visibilidade, mas abriu algumas portas que a gente nem imaginava. E aí a gente falou: a gente vai seguir nesse ramo, entendeu? Foi como aconteceu a migração para o arrocha”, revela.
Foto: Gabriel Cerqueira @gabbrielcerqueira
Antes de alcançar o sucesso, precisou trabalhar desde os 9 anos
A trajetória na música, embora hoje compense, não foi exatamente fácil para ele. Jonathan Eskine conta que trabalha desde os 9 anos, quando começou a ajudar o tio como ajudante de pedreiro “Já fui muita coisa! Já trabalhei com material de construção, já fui o tio do pula pula, fiz biscate de pintor, pedreiro, já vendi salgado na rua. E quando eu comecei no rap,que aqui tem uma cultura de poesia, eu comecei a cantar nos coletivos”, explica, referindo-se aos ônibus públicos de Salvador.
Quando decidiu migrar para o arrocha, o cantor e rapper ainda se apresentava em transportes públicos, como balsas e ônibus coletivos. E foi durante esse período que começou a produção de seu EP de arrocha, criado para consolidar a imagem dele no gênero.
“Peguei algumas músicas do trap que eu já tinha e fui readaptando. Quando a gente finalizou, eu e meu produtor pensamos que precisava de algo para chamar a atenção. E foi quando a gente marcou e gravou ‘Resenha do Arrocha’, que são letras do pagodão baiano que já batia por aqui em Salvador”, explica.
A vida mudou após o sucesso de ‘Resenha do Arrocha’
Nas plataformas de música, a música foi lançada no dia 29 de novembro de 2024. Até o momento da data de publicação, apenas no Spotify a canção acumula 49 milhões de reproduções e é uma das apostas para o carnaval deste ano. O sucesso da faixa mudou completamente a vida de Jonathan, conta o artista. “Minha rotina agora é diferente. Pouco antes de lançar o EP, eu ainda trabalhava no Ferry Boat (balsas de travessia)”, explica. “Agora minha vida virou muitos trabalhos, reuniões, estúdio, show, ensaio, entrevista. Uma loucura, né? Mas loucura boa!”.
“Para mim é algo novo, e cada dia eu me sinto realizado. Sair na rua e várias pessoas pedirem para tirar foto, abrir o Instagram e todo dia tem uma uma galera da mídia diferente postando vídeo, marcando, algo desse tipo. Eu me sinto feliz e realizado no momento.”, ressalta.
Foto: Gabriel Cerqueira @gabbrielcerqueira
Próximos passos na música
“Eu penso em voltar a fazer trap, mas agora eu preciso me estabelecer, não posso mudar, pois o time que tá ganhando não se muda. Agora então eu tenho que continuar nessa linhagem.”, conta o artista. “Só que mais lá para frente, vamos lançar os trabalhos de trap, fazendo alguns feats com artistas do trap. Não posso dizer agora, mas já tem músicas com artistas do trap, que estão vindo para o arrocha. Nem é eu cantando trap, é eles que estão cantando arrocha.“, explicou.
E entre o arrocha e o rap, ele também quer mostrar mais versatilidade ao público. “Quero mostrar também que o Eskine não é só da letra explícita, engraçada. Que por trás de todo um hit, que é meio que um meme ou uma resenha, tem uma cultura. Eu sempre gostei de cantar nas músicas falando de amor letras, como se diz assim, mais light. E minha vontade é essa avançar minhas composições que são lights, são mais sérias também.”
E tem planos para esse carnaval também!
“É só trabalho! A gente tem que agora dar foco, porque está vindo muito burburinho de que pode ser a música do carnaval. Eu não gosto muito de fomentar agora que a música do carnaval, eu gosto de dizer que sempre quem dita é o povo, né. Então a gente vai focar pelo menos a fazer essa música rodar no carnaval, entendeu? Então a gente tem umas ideias massas. Para isso vai ter que rolar trio, muita resenha, para que eu possa pelo menos competir.“, conta.