13 de novembro de 2025

Esportes

A nova camisa “Negritude” do Vasco e o gesto que transforma Novembro Negro em narrativa

Uma peça que aproxima moda, ancestralidade e futebol, criada para provocar conversa

Cibele Almeida | 13/11/2025
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Reprodução: Dikran Sahagian | @vascodagama | @crvasco_br

O Vasco colocou no mercado a camisa “Negritude” e, mais do que anunciar um produto, fez um movimento que ecoa a história do clube e tensiona o presente. A peça não nasce para jogo: nasce para discussão. Nasce para olhar para um mês que carrega memória, luta e celebração, e devolver à torcida, e ao país, um símbolo que conversa com ancestralidade africana e afirmação identitária.

A camisa é preta, com detalhes dourados que iluminam símbolos inspirados em referências da cultura Ashanti, de Gana. O desenho remete à estética dos tecidos Kente e ao vocabulário visual dos Adinkra, que há séculos traduzem ideias como força, união e sabedoria por meio de símbolos gráficos. No tecido criado pela Braziline, tudo aparece reorganizado em linguagem contemporânea, quase como um mosaico que mistura tradição e design.

Reprodução: Dikran Sahagian | @vascodagama | @crvasco_br

No lançamento, o clube reuniu atletas de diferentes modalidades, e isso faz diferença: a “Negritude” não é um uniforme, é uma declaração. Não precisa do campo para existir, ela existe como narrativa, como gesto político e como lembrança de que a identidade vascaína sempre esteve atravessada pela presença de corpos negros, periféricos e populares.

Para além do simbolismo, o lançamento dialoga com a própria história do Vasco, marcado por capítulos de enfrentamento ao racismo e presença ativa em debates sobre inclusão. A camisa surge como atualização dessa postura, agora pelo caminho da moda e da construção imagética: um objeto que a torcida veste, que circula pela cidade, que carrega conversa no peito.

Disponível nas lojas oficiais, a “Negritude” entra no calendário do Novembro Negro como uma peça-manifesto. É moda, é memória e é posicionamento, tudo ao mesmo tempo.

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Cibele Almeida