Zezé Motta celebra representatividade negra nas novelas e relembra início da carreira

Uma das nossas maiores referências negras na televisão! A atriz e cantora  Zezé Motta , que iniciou sua trajetória na televisão em 1968, com a novela "Beto Rockfeller", celebrou a nova grade de novelas da TV Globo, que conta todas com protagonistas negras.   

“ Garota do Momento ”, a nova novela das 6, é protagonizada pela atriz Duda Santos. Já no folhetim das 7, “ Volta Por Cima ”, a protagonista é vivida por  Jessica Ellen . A atriz e cantora  Gabz  é quem estrela a novela das 9 “ Mania de Você ”.  

Ao comentar sobre o protagonismo negro nas tramas, Zezé afirmou: “ Eu fico extremamente feliz com isso. Pensa só, eu sou do tempo em que os personagens negros não tinham família, eles viviam a reboque dos outros, geralmente brancos. E quando tinha um espaço para mim, a não ser que o assunto fosse escravidão, não tinha para a Neusa Borges. Quando tinha para a Chica Xavier, não tinha para a Ruth de Souza. ”   

Novela: Supermanoela, 1974 — Foto: Acervo/Globo

A atriz, que já deu vida a personagens em 36 novelas, refletiu sobre o progresso na televisão, destacando que, apesar das melhorias, ainda há uma longa jornada pela frente. “ Quando as pessoas perguntam se as coisas melhoraram, digo que sim, mas que ainda temos muita luta pela frente. O que me anima é perceber hoje que a maioria dos negros brasileiros têm o orgulho de ser negro, andam de cabeça erguida e não aceitam discriminação. ”  

Sobre a importância dessa representatividade para a cultura negra no país, Zezé foi enfática: “ Estamos falando de um país onde a maioria da população é preta. Ou seja, como um país que tem sua maior parte da população negra só assiste pessoas brancas nas telas? Isso tinha que ter mudado .”  

Zezé também relembrou as dificuldades que enfrentou no início de sua carreira, revelando como a representação na mídia impacta a autoestima e a identidade. “ Eu, por exemplo, nos anos 60, andava encolhida no Brasil, diziam que eu era feia e eu acreditava, diziam que eu era de um grupo inferior, eu acreditava. Foi preciso eu ir para os Estados Unidos no final dessa década de 60 para entender que somos bonitos e devemos andar de cabeça erguida. ”  

Novela: Porto dos Milagres, 2001 — Foto: Zé Paulo Cardeal/Globo

A atriz expressou esperança de que essas novas produções inspirem as próximas gerações: “ Olha, eu espero do fundo do meu coração que elas brilhem, que elas aproveitem esse espaço, e que possam inspirar meninas e meninos. ”  

Em uma mensagem para o público, Zezé concluiu: “ A mensagem que deixo é, não podemos deixar de sonhar jamais, sem o sonho, é impossível sermos felizes. ”