6 de fevereiro de 2025

Cultura

Como a cultura automotiva influencia a estética preta na música

Carros funcionam como símbolos de status, expressão cultural e consumo na cultura negra; leia a matéria completa!

• 06/02/2025
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Foto: Reprodução

A cultura automotiva está profundamente conectada à indústria musical, especialmente no rap e no funk, gêneros de raízes negras que refletem a diáspora africana em diversos continentes.

Nesse contexto, os carros funcionam como símbolos de status, expressão cultural e consumo. No entanto, eles não são retratados apenas como itens de luxo e ostentação, mas também como representações de diferentes movimentos dentro desses estilos musicais.

No rap, os clássicos lowriders são ícones visuais e estéticos, particularmente no gangsta rap dos anos 80 e 90. Artistas como Ice Cube e Eazy-E foram pioneiros ao incorporar essa cultura em suas músicas, com “Boyz N the Hood“, do N.W.A, sendo um marco na afirmação dessa ligação automotiva. 

Foto: Reprodução/Columbia Pictures

Nomes como Tupac, Nas, Mobb Deep e The Notorious B.I.G. também deram continuidade à presença dos carros em suas obras. Modelos como o Infiniti Q45, o Acura Legend e o Lexus SC Coupe são destacados, com o último aparecendo no clipe de “The World is Yours”, de Nas. Já o GS3 é mencionado por B.I.G. em “Big Poppa“. Tupac, além de citar diversos modelos em suas músicas, tinha uma relação pessoal forte com carros, que frequentemente apareciam como parte de sua identidade artística.

Na cena contemporânea internacional, Kendrick Lamar mantém a presença dos carros em seu trabalho. Além da capa do álbum GNX, o clássico Good Kid, M.A.A.D City traz um Chrysler Town & Country como elemento central, tanto na narrativa visual quanto nas letras.

Foto: Divulgação

Kanye West e Rick Ross também exploram a estética automotiva de luxo: em “Mercy“, Kanye destaca uma Lamborghini, enquanto Rick Ross foca em marcas como Maybach e Bentley, reforçando uma imagem de opulência.

No cenário nacional a maior referência da cultura automotiva na cultura preta é o No Brasil, o Chevrolet Impala da capa de Nada Como um Dia Após o Outro Dia (2002), dos Racionais MC’s, é um dos maiores símbolos da cultura automotiva no rap nacional. O grupo também insere a temática dos carros em faixas como “Em Qual Mentira Vou Acreditar” e “Vida Loka, Pt. 2“.

Foto: Divulgação

Com o crescimento do funk e a consolidação do subgênero funk ostentação, os carros passaram a ser elementos indispensáveis nas músicas e clipes, representando um estilo de vida caro e exclusivo.

Já o trap brasileiro, embora menos focado nessa estética do que o funk, também incorpora os carros em sua narrativa. Um exemplo recente é a capa da edição digital de agosto da Elle Brasil, que trouxe as artistas Ajuliacosta, Duquesa e Ebony, destacando a cena feminina do trap e sua conexão com a cultura automotiva.

Foto: Ivan Erick/Elle Brasil

A conexão entre música e cultura automotiva reflete as aspirações e identidades da cultura preta, evidenciando narrativas de resistência, luxo e pertencimento. No rap, funk e trap, os carros se tornaram símbolos estéticos e culturais essenciais, representando valores e estilos de vida que evoluem junto com essas expressões artísticas.

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