Opinião
BBB23: Por que ignoramos os afetos que dão certo?
Sarah e Ricardo Alface o casal afrocentrado, funcional, carinhoso, que conversa.
Sarah Aline e Alface formaram um casal dentro do BBB 23 e são bem menos badalados do que qualquer relação problemática que o programa presenciou. Um casal afro centrado, funcional, carinhoso, que conversa.
Quando um preto ou preta fica com uma pessoa branca ou quando cometem algum erro, o Black Twitter e o Instagram de Wakanda se movimentam rapidamente numa tormenta de ódio e julgamento. Mulheres negras armadas, prontas para culpar os homens negros por sua solidão, homens pretos com seus escudos de mágoa, esperando reagir rapidamente, todos se atacando mutuamente, servindo de entretenimento para o público branco, que não entende, mas se diverte.
Agora, quando duas pessoas públicas pretas se entendem, pouco reverbera. É como se a gente não quisesse aprender com a ternura, com os exemplos de amor. A impressão que tenho é que se não houver apenas ódio, nossa narrativa fica esvaziada. E entendam por narrativa, não algo que não deva ser debatido, mas sim a energia voltada puramente para debulhar a culpa de pessoas pretas sobre nossas dores e mágoas.
Alface e Sarah tem se dado bem até aqui. Um homem preto que não é considerado um padrão e uma mulher negra retinta com consciência racial. Poderia ecoar de forma mais forte aqui fora, mas estamos super armados esperando o primeiro vacilo de um dos dois para escrever nossos textos de julgamento. Será que o povo preto desaprendeu a ternura, o amor e a leveza?
Celebremos os afetos que estão dando certo e aceitemos os finais com serenidade quando necessário.