27 de dezembro de 2024

Negócios

Alder Lima supera racismo e LGBTfobia para se tornar CEO de startup inovadora no metaverso

Alder Lima conseguiu entender as barreiras que enfrentava após conhecer a Casa Preta Hub

Aquiles Marchel Argolo• 27/06/2023
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A startup Metamazon Solutions faz réplicas virtuais de casas e prédios, onde o consumidor usa tecnologia de realidade virtual para interagir com o projeto em qualquer dispositivo. Criado por Alder Lima, a tecnologia visa reduzir custos e auxiliar arquitetos e engenheiros a detectar falhas de design em seus projetos com mais facilidade do que se usasse apenas uma maquete, por exemplo.  

 

A revista Exame elegeu a empresa de Alder como destaque na WebSummit Rio, megaconferência de tecnologia.  

 

Em entrevista para a Folha de São Paulo, Alder, de 40 anos, contou que sofreu resistência em conseguir apoio para a ideia por causa de sua cor e orientação sexual.  

 

“Sou filho de um motorista de ônibus e de uma costureira, morávamos em Alcântara, bairro de São Gonçalo, no Rio. Sempre fui instigado a empreender por causa dos meus pais. Passávamos um momento financeiro bem complicado, e a solução era vender coisas.   Eu era o mais novo de três irmãos, o caçula, e vendia cocadas e picolés. Esse foi um gatilho muito importante para a minha vontade de vender e fazer algo diferente — queria mudar a realidade da minha família.   Isso se tornou ainda mais forte quando uma colega da minha mãe, branca, disse que ‘Quem nasceu para ser pano de chão nunca será tapete’. Me lembro da minha mãe chorando e de situações em shoppings onde éramos perseguidos e, muitas vezes, destratados”, relatou o CEO.  

 

Alder foi sócio de uma empresa de casamentos, mas levou um golpe e a empresa fechou, precisou superar uma depressão.  

“Fui trabalhar cobrando devedores de uma empresa de tecnologia, e lá cresci: tive o cargo de supervisor, trabalhei no RH e fui diretor regional. Aprendi o que era gerenciar e decidi iniciar uma terceira empreitada. Montei a Ar360, empresa credenciada pelo Google que facilitava a criação dos tours virtuais no aplicativo de mapas, em Fortaleza (CE) e, pela carência desse setor no Nordeste, foi um sucesso, mesmo na pandemia.   Pensava em internacionalizar o negócio, mas mais uma vez, um baque — um funcionário desviou dinheiro das operações, e as dívidas surgiram. Fui chamado de ‘ladrão’ e disseram que ‘só podia ser preto mesmo’ para deixar um negócio desses ir ao chão.   Sem amigos e sem possibilidade de me reerguer, até pensei em tirar minha própria vida. Pensei em voltar ao Rio e meus pais concordaram, se eu ‘abdicasse’ de ser LGBT, como se isso fosse possível”, relatou Alder à Folha.  

 

Em São Paulo, o empresário teve contato com a Casa Preta Hub, então entendeu como o racismo foi uma barreira para vários de seus planos. “Lá tomei a consciência do quão poucos são os líderes de startups negros e tive contato com outras pessoas pretas inovadoras”, disse.  

 

A Metamazon Solutions é um sucesso e Alder se prepara para novos voos.  

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