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Bridgerton: Rainha Charlotte e Lady Danbury, as mulheres que são o coração da série
“Bridgerton” bateu recordes com a estreia da terceira temporada, e a expectativa é alta para a segunda parte da série, que será disponibilizada nesta quinta-feira (13) na Netflix.
Quase um mês após o lançamento da primeira parte da terceira temporada de “Bridgerton”, os fãs da série podem finalmente assistir aos episódios finais. A história de Penelope Featherington (interpretada por Nicola Coughlan) e Colin Bridgerton (interpretado por Luke Newton) continua, com os novos episódios chegando à Netflix nesta semana.
A série, que se passa na alta sociedade londrina do século XIX, conquistou o público com seus personagens cativantes, tramas envolventes e cenários deslumbrantes. Mas são duas mulheres em particular que roubam a cena: a Rainha Charlotte e Lady Danbury. Com olhos atentos a todos os acontecimentos do reino, elas são as verdadeiras forças por trás do poder e do glamour da série.
A Rainha Charlotte, com sua perspicácia e sagacidade, e Lady Danbury, com sua sabedoria e influência, são personagens que adicionam profundidade e complexidade à trama. Elas são a personificação da força feminina na série, demonstrando que as mulheres podem ser poderosas e influentes, mesmo em uma sociedade dominada pelos homens.
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Entrevista com Adjoa Andoh (Lady Danbury)
Como foi voltar para a temporada 3?
ADJOA ANDOH: Cada temporada é diferente e, desta vez, nossa showrunner foi a maravilhosa Jess Brownell. É um novo capítulo da história, então é muito bom voltar, reencontrar os amigos e ver o que vai acontecer em seguida.
Como estava Lady Danbury na temporada 2 e como vamos encontrá-la na temporada 3?
ANDOH: No final da temporada 2, Lady Danbury está se sentindo orgulhosa e motivada por causa do casamento de Kate e Anthony. Passei toda a temporada 2 perguntando para a Kate: “Qual é a verdade? Como você realmente se sente?”. E o resultado foi que ela reconheceu o que sentia. Nessa sociedade em que as mulheres se casam e entregam seus bens, seu corpo e todo o controle da própria vida aos maridos, Lady Danbury quer garantir que as mulheres que ela ajuda consigam bons maridos, que as vejam como parceiras e que não as explorem nem sejam abusivos. E que não falte amor, é claro. Ela quer que as mulheres encontrem homens gentis e inteligentes.
Qual é a conexão entre a história da sua personagem em Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton e o que acontece com ela nesta temporada de Bridgerton?
ANDOH: O legal das histórias de origem é descobrir por que os personagens são como são. Quem assistiu a Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton sabe que o primeiro relacionamento dela foi difícil e que ela emigrou de Serra Leoa para a Inglaterra quando era criança, já comprometida a se casar com o Lorde Danbury, um homem muito mais velho. Ela foi criada no país só para ser uma esposa adequada para ele. Não é um casamento feliz, mas ela consegue encontrar a felicidade na vida, e isso explica o interesse dela pela família Bridgerton. Começamos a entender a lógica de quem ela é como mulher. De repente, teve que dar um jeito de se encaixar em uma sociedade à qual não pertencia. Então, como poderia ter a vida que queria dentro dessa sociedade? Criando estratégias. E ela tinha acesso a algum tipo de poder? Sim, a amizade com a nova rainha, que tinha impacto sobre a rainha-mãe e sobre a corte, possibilitando algumas exigências. Assim, vemos como Lady Danbury se tornou tão estratégica. Também vemos que ela tem coração e se apaixona como qualquer outra pessoa. Entendemos por que ela nunca se casou de novo depois que o marido morreu, e também de onde vem a capacidade, a atitude e a vontade de viver que ela tem. Vemos que ela entende que cada pessoa precisa assumir as rédeas do próprio destino para não ser arrastada pela sociedade. E é isso que ela faz, e também o que ela quer compartilhar com a Rainha Charlotte, com a família Bridgerton e com todas as pessoas que estão ao seu redor.
Sua personagem recebe uma visita inesperada nesta temporada. Quem é esse visitante?
ANDOH: Nesta temporada, recebo a visita inesperada do meu irmão mais novo. Ele é viúvo, não temos muito a ver e, agora, o público vai entender por que nunca quis me aproximar dele. Mas ele está cansado de ser viúvo, então ele vem para a cidade e se interessa por uma amiga minha. Não gosto nem um pouco, porque não confio nele. Uma situação do passado me fez perder a confiança nele, e adoro a Violet, porque, como sabemos, fui apaixonada pelo Lorde Ledger, pai dela. Então, não quero que ela se machuque nem que seja ferida por uma pessoa que não estou 100% convencida de que é confiável, ainda mais quando essa pessoa é sangue do meu sangue. Então, prefiro dizer: “Irmão, se você quer uma mulher, eu procuro uma para você, mas essa não”.
Já vimos Lady Danbury desempenhando um papel maternal com outros personagens nas temporadas anteriores, mas agora estamos vendo a família dela de verdade. Como foi ampliar a família Danbury?
ANDOH: Foi muito divertido ampliar o mundo da família Danbury. O público vai adorar ver como a Lady Danbury precisa se controlar para lidar com algo que está completamente fora do controle dela, como sempre acontece nas famílias. Você pode até ser CEO de uma multinacional, mas sempre vai ser filho ou filha, irmão ou irmã de alguém, o que seja, então gostei da inclusão dessa dinâmica na história. Não importa muito se você tem 60, 50, 20 anos ou se é adolescente, um irmão é sempre um irmão. Eu me diverti com essa dinâmica. Podemos ver um lado mais vulnerável da Lady Danbury, um pouco fora de controle, e isso é bom.
Como foi trabalhar com Ruth Gemmell e expandir a dinâmica entre Lady Danbury e Lady Bridgerton depois de tudo o que aconteceu na temporada 2?
ANDOH: Gostei muito de Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton porque trabalhei bastante com Ruth Gemmell, que interpreta Violet. Ela é uma deusa, uma atriz fantástica. Adorei nossas cenas juntas, em que podíamos interagir uma com a outra, totalmente concentradas, acessando espaços de vulnerabilidade entre as duas, naquela situação em que não sabíamos se a história realmente seria revelada. Foi uma maravilha, um verdadeiro sonho.
Penelope muda de visual nesta temporada. Como Lady Danbury reage a nova Penelope e a essa transformação?
ANDOH: Lady Danbury gosta muito da Penelope. Quem leu os livros sabe que as duas têm uma relação muito próxima, mas isso ainda não tinha aparecido na série. Penelope lembra muito Lady Danbury na juventude, vivendo circunstâncias que fogem do controle dela no dia a dia, com uma família completamente sem noção. Então, ela tenta retomar as rédeas através da Lady Whistledown. Na série, Lady Danbury não sabe que Penelope é Whistledown, mas ainda assim admira muito a coragem e a determinação dela, que tenta ser diferente do resto da família. Na temporada 3, vemos como essa determinação se transforma em algo maravilhoso para ela: conquistar o amor do homem que sempre amou. É uma jovem inteligente e interessante. E Lady Danbury também admira a relação de Penelope e Eloise, outra jovem inteligente e determinada. Ela gosta de todos os jovens, mas com certeza tem suas preferências. E Penelope e Eloise são como ela, mulheres cheias de atitude.
Quais são as semelhanças entre Penelope e Lady Danbury?
ANDOH: Quando vejo Penelope assumindo as rédeas do próprio destino, eu me lembro de Agatha Danbury fazendo a mesma coisa na juventude, pensando: “Bom, estou casada com este homem, não quero estar casada com ele, mas com a minha personalidade e os conhecimentos que tenho, como posso me estabelecer?”. Nesta temporada, Penelope sabe o que quer, mas também sabe que gostaria de estar em circunstâncias diferentes. Então, ela decide mudar as circunstâncias. Por isso, ela faz aulas de casamento, sai para o mundo e transforma o visual, principalmente deixando de lado as roupas amarelas. E a Nicola está muito linda nesta temporada. Muita gente vai se identificar com a história da garota rejeitada, aquela que ficava no canto nos bailinhos da escola. Eu era assim também. Quando começava uma música lenta, eu já pensava: “É hora de ir ao banheiro e desaparecer”, porque era horrível ficar lá parada, sem ser escolhida para dançar com ninguém.
Mesmo sendo uma série de época, você acha que Bridgerton é atemporal, até com um toque de modernidade?
ANDOH: Quanto mais séries eu faço, do período da restauração ou de Shakespeare até histórias mais contemporâneas ou do período regencial, mais eu entendo que as roupas podem até mudar, mas as pessoas são sempre as mesmas. Os seres humanos continuam iguais, só que agora os encanamentos são melhores. Uma garota rejeitada é uma garota rejeitada, seja no período regencial, na restauração ou no século 21.
A Rainha Charlotte fica bastante interessada em Francesca Bridgerton nesta temporada. Como isso afeta a dinâmica entre Lady Danbury e a Rainha Charlotte?
ANDOH: Nesta temporada, além de Penelope e Colin, também acompanhamos outras histórias. Uma delas é a de Francesca Bridgerton, que chega à idade de ser apresentada à sociedade, e eu quero ajudar, tanto pela minha amizade com Violet quanto pelo meu amor pelo falecido Lorde Ledger. Quero que a rainha preste atenção nela para aumentar as chances de sucesso dela na corte, e dá certo. A situação se complica quando Francesca decide fazer as próprias escolhas na vida, mas acho que Lady Danbury na verdade gosta disso. Da ideia de procurar aquela pessoa que nos faz feliz. Afinal de contas, se você vai ficar presa em alguém pelo resto da vida, é melhor escolher direito .
Você e a Golda já trabalharam várias vezes juntas. Como foi voltar e dar continuidade a essa dinâmica?
ANDOH: Conheço a Golda há muito tempo, então as cenas com a Rainha Charlotte e a Lady Danbury sempre são divertidas. Mas, conforme as temporadas foram passando, encontramos nosso ritmo. Encontramos nossa sintonia, e isso é muito gostoso. E depois de Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton, sabemos que, quando a Charlotte chegou à corte, ela não era bem-vinda, e Lady Danbury já estava lá. Em espaços predominantemente brancos, as pessoas não brancas cuidam umas das outras. E é exatamente isso que acontece em Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton, só que no período regencial. Vemos como a Lady Danbury dá orientações e ajuda a rainha a encarar esse mundo novo. Essa relação de longa data aparece nas temporadas 1 e 2 e vai ganhar ainda mais destaque na temporada 3, principalmente depois de Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton , porque agora sabemos como as duas se conheceram.
Bridgerton tem muitas cenas em locações. A possibilidade de gravar em lugares magníficos e autênticos desse período histórico muda seu processo como atriz?
ANDOH: Como a série tem tantas gravações em locações, podemos aproveitar esses lugares com séculos de história humana. Isso aumenta a energia do trabalho que fazemos no set, ainda que nossos estúdios tenham as reproduções mais incríveis e fiéis dos espaços internos do período regencial. São muito detalhadas, meticulosas, adequadas e realmente fazem jus aos espaços maravilhosos da época. O set é muito realista, então não é difícil passar de um ambiente a outro, é natural. Talvez eu seja um pouco hippie, mas sinto que entrar nos ambientes reais transmite uma certa energia. Acredito que dá para sentir as pessoas que estiveram naquele espaço há séculos, então é bom se sintonizar com essas vibrações e levá-las para o set.
Lady Danbury tem uma paleta de cores nova nesta temporada. Conte um pouco sobre o visual dela na temporada 3.
ANDOH: John Glaser, nosso figurinista, trabalhou com a gente na temporada 1 e voltou agora com tudo. Estamos ampliando a gama para todos os personagens, e Lady Danbury faz parte dessa expansão. Ela ganhou flexibilidade no estilo, nas formas e nas cores. Melanie Carter, que faz esses figurinos, é genial. Ela pensa em detalhes fabulosos. Tenho muita sorte, porque nosso departamento de figurino é fantástico. Posso até fazer pedidos, tipo uma mudança na gola, na aba do chapéu. É maravilhoso trabalhar com essa equipe .