• 18-10-2024

No próximo dia 19 de outubro, equipe de Salvador irá à capital carioca para um grande mutirão de matrículas, que já conta com cerca de 600 pré-inscritos

A Escola Afro-brasileira Maria Felipa, primeira instituição de educação infantil afro-brasileira cadastrada no Ministério da Educação, está prestes a dar um passo significativo em sua trajetória. Com seis anos de história em Salvador, a instituição prepara-se para inaugurar uma nova unidade no Rio de Janeiro, no bairro de Vila Isabel. O espaço terá capacidade para mais de 300 estudantes e já conta com cerca de 600 pré-inscrições. A inauguração está marcada para o dia 19 de outubro.

Criada em 2017 por Bárbara Carine durante o processo de adoção de sua filha, a escola foi idealizada como um projeto de educação afro-referenciada e decolonial, que valoriza a diversidade e a ancestralidade africana. Ao lado da empresária e dançarina Maju Passos, sócia da unidade de Salvador, a instituição conquistou reconhecimento nacional e internacional, acumulando prêmios como o Sim à Igualdade Racial (ID_BR, 2019) e o World’s Best School Prizes (2022).

Para Bárbara Carine, a chegada da Maria Felipa ao Rio de Janeiro é um marco na expansão nacional do projeto. "Levar a escola para uma cidade com mais de 50% de população negra é contribuir para a luta antirracista, oferecendo uma educação que promove equidade", destaca. Ela ressalta que a demanda na capital carioca superou as expectativas, com uma procura nunca antes vista em Salvador, onde a escola ainda opera com menos de 80% de sua capacidade total.

A unidade carioca contará com a participação da atriz Leandra Leal, que se juntou ao projeto após uma visita com sua filha à escola em Salvador. "Após passar uma semana imersa no ambiente da escola, eu e meu marido ficamos encantados com a proposta pedagógica", relembra Leal.

Metodologia decolonial e trilíngue

Com uma proposta de educação trilíngue (português, inglês e Libras), a Escola Maria Felipa tem como base um modelo de ensino decolonial, que rompe com o eurocentrismo e valoriza as histórias e saberes de civilizações africanas. Cada turma é nomeada em homenagem a reinos e impérios africanos, como o Reino de Daomé e o Império Ashanti, que guiam os estudos e atividades das crianças.

 

Barbara Carine e Maju Passos
Foto: Divulgação

Além do currículo regular, a instituição promove eventos e atividades como a Afrotech, feira de ciência africana e afrodiáspora, e a Mariscada, uma mostra artístico-cultural decolonial. A metodologia também inclui a "Afroeducativa", um programa de formação para profissionais interessados em relações étnico-raciais e combate ao racismo.

Impacto social e desafios

Apesar do reconhecimento e premiações, Maju Passos destaca que a Escola Maria Felipa ainda enfrenta desafios, especialmente em termos de matrículas. "O que vemos é um descompasso entre a visibilidade que temos e a quantidade de alunos em Salvador", comenta. Para garantir o acesso de crianças negras e indígenas em situação de vulnerabilidade, a escola promove a ação "Adote um Educande", que arrecada fundos para oferecer bolsas de estudo e apoio psicológico.

Redação Africanize

Redação do Africanize