• 14-11-2024

Com performances de grandes nomes do rap, reggae, hip hop e forró, o festival no Canindé reforça a importância da música como ferramenta de transformação social e união entre os povos

Aconteceu neste final de semana, no Estádio Canindé, em São Paulo, o Festival Encontro das Tribos, um evento que celebra a música urbana, dando espaço para o rap, hip hop, reggae e forró, com artistas nacionais e internacionais, reunindo fãs de diferentes gêneros em um verdadeiro tributo à diversidade musical.  

Em sua 22ª edição, o Encontro das Tribos é uma experiência que vai além da música, transmitindo uma mensagem de paz, respeito, união entre os povos e celebração do encontro entre pessoas.  

O festival é um espaço importante para a propagação de valores como liberdade, resistência e autenticidade. Isso se manifesta por meio das letras de protesto do rap, das batidas envolventes do hip hop, da mensagem de união do reggae e da alegria e calor humano do forró.  

 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

 

Este ano, o line-up contou com a presença de artistas nacionais como Marcelo Falcão, Djonga, Criolo, Dexter, Edi Rock, L7nnon, Tasha & Tracie, entre outros.  

A Africanize esteve presente como media partner do evento, e batemos um papo com alguns artistas que falaram sobre a importância do festival, a evolução da música urbana ao longo dos anos e seus impactos na sociedade.  

 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

Djonga, durante o show, disse que estava ali como um representante do Hip Hop e defendeu:  

“O hip hop é uma arte que está sempre em movimento. É uma arte que se adapta ao momento da sociedade, que protesta e sabe trazer alegria também. E quando eu digo isso, eu não tô falando de rap, não. Tô falando do hip hop desde o cara com spray no muro, da mina dançando, do DJ e da galera que faz os eventos acontecerem. As pessoas foram nos engolindo.”   
 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

Criolo falou como a mistura de ritmos contribuiu com sua carreira:   

“O rap, o samba, o forró risca faca, o pagodão doido, que a gente não consegue ficar parado, que me trouxeram aqui. O povo da rua mostrando o que é a música urbana do terceiro milênio do Brasil — isso é a quebrada. O Encontro das Tribos já passou de 20 anos, e eu acompanho desde a primeira edição. Eu tenho a honra de estar sempre sendo convidado, então é um recorte muito interessante do que é a música feita da quebrada e que conquistou o mundo”.  

 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize


Já Marcelo Falcão falou sobre como os novos acessos têm facilitado a propagação e a expansão da música:  

"O que eu vejo hoje é que qualquer um pode ter um estúdio, um computador, pode fazer uma música, se virar em casa e se dar bem numa internet dessas da vida. Vivemos num mundo imediatista, mas, no meio de vários oportunistas, sempre tem pessoas de talento; acredito nisso e não dá para descartar tudo. Tem pessoas que usam, às vezes, essas oportunidades para conseguir ter a fala, ou aparecer dançando, cantando e se posicionando. Vejo essa geração muito independente para poder fazer o que quer com um telefone — eles estão fazendo tudo."  


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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

 

Tasha e Tracie, a dupla da nova geração de rappers que traz em suas canções temas ligados à cultura negra, vivência periférica, ostentação, moda e autoestima, destacaram:  

"Bom, ficamos muito felizes. Ouvimos falar do festival desde crianças, e hoje tocar aqui é muito da hora. Nosso público vem, é um festival acessível, é uma coisa legal. Além de mostrar nosso trabalho para outro público que é fiel ao festival.  

A gente procura passar aquilo que gostaríamos de ouvir. Pensamos nas adolescentes que fomos, sem referência. E acho que é isso que deu certo — nos inspiramos em quem fomos."  

 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

Dexter destacou que a missão do rap e hip hop vai além da diversão e busca trazer reflexões de transformação social:  

"Vou subir com o mestre Edi Rock; estamos dividindo o show hoje, e, para mim, é sempre um prazer poder estar com qualquer um dos Racionais. Vamos subir na expectativa de fazer com que as pessoas se divirtam, mas também prestem atenção nas ideias que são super importantes no hip hop. O rap, dentro da sua essência, é essa troca de ideia, de irmão para irmão e de irmã para irmã, entendeu? Além de trocar aquela ideia sobre consciência racial e política."  

 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

 

No papo com L7nnon, o cantor falou de como a música transformou sua vida e da dificuldade que novos artistas enfrentam na indústria da música:  

"A música mudou a minha vida, minha história e minha casa. O ciclo é o mesmo, mas o que mudou foi a vida das pessoas que estão à minha volta. Gosto de ver pessoas passando pelo mesmo processo que eu, e tenho passado, porque é sempre uma evolução, sempre tem algo novo para aprender.  

Eu fico triste porque, por exemplo, sou uma pessoa que tem uma situação financeira boa hoje graças à música. E, se eu precisar fazer algo para impulsionar uma música, vou fazer, por mais que não seja um costume. Mas tem artistas novos que não têm esse poder, não têm um trocado sobrando para poder investir na música. Muitas vezes as coisas não andam porque, hoje, a máquina é diferente. Eu acho que tudo que contém verdade, independente do tempo, conspira para dar certo. Desejo tudo de melhor para os artistas que vêm chegando e que eles botem a verdade deles nas músicas e voem mais alto até do que eu."  

 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

A cantora Tássia Reis foi convidada para assistir os shows e falou da importância da música negra:  

"Primeira vez que eu colo no Encontro das Tribos e tô feliz de ver uma galera foda e bonita. Acho que a música preta é que dá vazão a qualquer outra, é a fonte de inspiração e de referência para muita gente e tem que ser celebrada mesmo."  

A atração mais aguardada pelo público foi a do cantor norte-americano Ja Rule. Há cinco anos sem vir ao Brasil, o cantor incendiou o público relembrando grandes sucessos como  Wonderful Mesmerize New York Always On Time .  

 

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Foto: Miguel Barros @miguelandoft/Africanize

O Encontro das Tribos tem um papel fundamental no impacto cultural sobre os principais aspectos da valorização da diversidade musical, promovendo um intercâmbio cultural e mostrando a pluralidade musical do Brasil. Vale lembrar que, em tempos em que a polarização e as diferenças parecem nos afastar, festivais como esse são um lembrete poderoso de que, na arte, podemos encontrar pontos em comum e construir um mundo mais inclusivo e diverso.