• 15-11-2024

Líder revolucionado que se tornou inimigo público número um da didatura viveu no bairro de Nazaré, em Salvador

Instituto Carlos Marighella terá sua sede na casa onde o histórico líder revolucionário viveu, no bairro de Nazaré, em Salvador. Transformado em um centro cultural e de formação política, o espaço será dedicado a preservar a memória de Marighella e fortalecer ideais de resistência. O anúncio foi feito na última segunda-feira (4), durante uma cerimônia em São Paulo, na Alameda Casa Branca, local onde Marighella foi assassinado em 1969, durante uma emboscada.

Carlos Marighella, que ficou conhecido como “inimigo público número 1” da ditadura militar, teve sua vida ceifada por forças de repressão, numa ação que, segundo a época, foi considerada uma das mais brutais da história do regime. Em nota publicada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) logo após a sua morte, o assassinato foi descrito como “uma cilada torpe e vergonhosa” cometida pelas forças militares.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), vice-líder do governo na Câmara, destacou a importância simbólica da nova sede. Para ele, transformar o antigo lar de Marighella em um local de resistência cultural e política é fundamental para honrar a memória do ativista. “A casa onde viveu agora será um espaço de resistência, cultura e formação política. Transformar esse local em um símbolo da luta contra a opressão é um passo crucial para honrar quem enfrentou a ditadura com coragem”, afirmou.

 

casa onde marighella viveu se transformará em sede de instituto de cultura e política 2
 

 

Investigação e responsabilização histórica

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Marighella, fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN), foi executado em São Paulo numa operação organizada pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Naquela noite, as equipes de segurança planejaram a emboscada contra o militante, que estava desarmado e foi surpreendido sem chance de defesa.

O MPF ingressou recentemente com uma nova ação civil pública para que 37 ex-agentes da ditadura sejam responsabilizados pela execução de Marighella. A medida busca a reparação histórica e moral, incluindo a perda de aposentadorias para os envolvidos, devolução de valores pagos em indenizações pelo Estado e compensações financeiras por danos morais coletivos. No caso de agentes já falecidos, o MPF pleiteia que as reparações sejam arcadas por seus herdeiros.

Redação Africanize

Redação do Africanize