• 16-09-2024

Com estreia no Dia da Consciência Negra, no Globoplay, série documental será apresentada por Larissa Luz e Djonga

O Aquilombamento e a ancestralidade se fazem presentes na história do movimento negro brasileiro muito antes da popularização desses termos. Num Brasil onde a necessidade de Angela Davis reverenciar publicamente Lelia Gonzalez é evidente para prestarmos mais atenção aos nossos intelectuais, o professor doutor babalaô Ivanir dos Santos propõe resgatar o que, a todo custo, tentaram ocultar. A luta negra tem sido uma constante neste país desde o início da diáspora forçada causada pelos portugueses, e é a partir desse ponto de partida que a série "Resistência Negra", dirigida por Mayara Aguiar, se desenvolve.  

— A série nasce de uma inquietação minha de que nós sempre tivemos como referência o movimento pelos direitos civis dos Estados Unidos, ou, em algum grau, algumas insurgências africanas. Pouco se conhece da trajetória de luta do movimento negro do Brasil, um dos mais interessantes, complexos e pacíficos do mundo. Precisamos conhecer mais sobre a trajetória de luta por liberdade que ocorreram nos séculos XVII, XVIII e XIX e valorizar a luta por cidadania no século XX e XXI  — afirma Dos Santos, que idealiza a série e é responsável pela pesquisa.  

Mesclando arte e política, passado e presente, realidade e ludismo, a série documental é composta por cinco episódios e conta com apresentação de Larissa Luz e Djonga. Além disso, o elenco, produção e direção são majoritariamente pretos, o que possibilita que as narrativas sejam desenvolvidas com mais sensibilidade e liberdade. No primeiro episódio, que vai ao ar no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, a história da resistência negra no Brasil é contada desde seu início, a partir de temas como trabalho, política, cultura, religião e educação.  

— Sei que cinco episódios não dão conta de abordar toda a magnitude de um movimento, mas, como infelizmente, ainda não foi colocado na nossa história a importância da luta preta brasileira, precisamos partir de algum lugar — declara Aguiar, durante a pré-estreia do primeiro capítulo da série.  

A sessão de gala aconteceu na última sexta-feira (13), no Festival do Rio, data em que também se celebra o aniversário do Teatro Experimental do Negro, criado por Abdias Nascimento, um dos grandes homenageados da série, há 79 anos. Após a exibição, foi apresentado um mini documentário por trás do processo criativo da abertura da obra, fomentando um mergulho lúdico nas obras de Abdias Nascimento e de Emerson Rocha, que promovem uma intersecção entre passado, presente e futuro da resistência negra no Brasil.