• 07-09-2024

Com apenas 23 anos Iza Moreira já tem história pra contar no currículo conta com a duas séries, uma na Netflix “Boca a Boca” e uma na Globoplay “Verdades Secretas” e filme “Anderson Spider Silva”, Paramout, além de Amor Perfeito na Tv Globo.

Vinda da região metropolitana de Belém, Distrito Industrial em Ananindeua no Pará traz consigo toda a potência da sua região. Consciente sobre as questões raciais ela levanta a bandeira da negritude e revela isso em seus papeis.   

Conversamos com a atriz que descreveu o sentimento de tudo que vem acontecendo em sua carreira e de como tem sido trabalhar para 3 grandes marcas como Netflix, Globoplay e Paramout.   

— " Foi um pouco assustador no início. Eu vim para São Paulo com uma outra ideia do que eu queria fazer, com o que eu queria trabalhar. Eu queria ser modelo, seguir carreira internacional, me preparava pra isso quando chegou o teste pra “Boca a Boca”. Precisei escolher entre ir para outro país ou gravar a série, seja qual fosse iria começar algo do zero. Me joguei bastante durante todo o processo de preparação, me descobrir atriz e que estava adorando. Quando lançamos foi bem nos primeiros meses de pandemia, em 2020, o futuro era muito instável sobre tudo. Em 2021 foi meu primeiro contato com a Rede Globo, ainda tinha aquele assombro da covid, início da vacinação. Mas vi uma oportunidade de viver e experimentar mais o que é atuar. No ano seguinte gravei “Anderson Spider Silva”, já me sentia mais confiante e consciente do que estava fazendo, o que queria alcançar e de como estava fazendo parte da criação de novos imaginários sobre a história de pessoas pretas. E antes de viver a estreia de “Spider” tive um contato mais direto da relação e resposta do público pelo papel da “Tania Batista” na novela “Amor Perfeito”, que foi ao ar esse ano de 2023, sentindo a potência do momento de mudança que estamos todos vivendo.”,  comentou a atriz.  

 

Recentemente Iza recebeu o prêmio “Anastácia Livre” que reconhece mulheres negras em posição de poder. Falou da importância do reconhecimento e da conexão com outras mulheres negras.  

  

—  " Me senti muito honrada, também é reconfortante e encorajador pra mim sendo uma pessoa jovem, ainda trilhando meu caminho. E que eu mereço sim reconhecimento, de tudo que vivi até agora, mesmo que a “pouco tempo”, tenho apenas 23 anos, pra mim é muito tempo. Muito tempo longe da minha família, abdicando de momentos importantes dos meus familiares e amigos, pra viver um sonho que pra além de mudar a minha vida, está impactando outras de forma positiva. Fico muito feliz de receber esse prêmio ao lado de outras mulheres negras de diferentes gerações na minha região, tantas histórias distintas, que eu possa aprender mais com elas.”, afirma Iza.  

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Iza se coloca cada vez mais vulnerável em sua carreira e isso ajuda no processo criativo e trazer mais identidade para suas personagens. 

   

— “ Criando como atriz me coloco em um lugar muito vulnerável, exposto… Tem muito de mim em cada personagem. E primeiramente, preciso me conhecer para que eu possa existir em outras. Mas os estudos e as trocas com outras pessoas me trazem uma base forte de conhecimento externo. Estou sempre tentando consumir produções de outros países, entender diferentes meios de pensar comunidade, me deixar afetar, criar um repertório mais amplo de referências. E adoro conversar com outras pessoas sobre o que estou aprendendo, compartilhar conhecimento, receber também. Trabalhei com pessoas que me influenciaram bastante, que são referências pra muita gente e pra mim, e que pude ter essa troca de aprendizado. Pra além de tudo que parece ser um pouco mais teórico, viver tem me ajudado mesmo, viajar, voltar pra casa, seja onde for a casa, no Pará ou em São Paulo, sinto que estou sempre em constante preparação pra criar de novo.”,  disse. 

  

A busca por diversificar e construir uma nova persona para seu trabalho e viver novas personalidades. Além disso conta os planos para o 2024 e de como busca novos conhecimentos em diversas áreas.   

 

Na verdade, a nova persona que estou em busca é em relação ao meu trabalho, viver novas personalidades, dar vida à outras mulheres, gosto de ser instigada por essa possibilidade de criar e ser transformador. Quero ter oportunidade de escolher fazer, trabalhar com o que acredito, e ser fiel a isso. É um fardo muito pesado pensar sobre o que as pessoas esperam de mim, pra qualquer pessoa com certeza, mas pra além de atriz, quero escrever. Adoro conectar pessoas, apresentar, fazer conexões, ser agitadora, e enxergo a escrita como mais uma forma de fazer isso.  

 

Meus atuais planos são manter meus estudos de música, canto e cinema, independente de uma academia. Tenho vontade de fazer um longa, também participar de uma produção audiovisual por trás das câmeras, aprendendo outra função no meio que estou inserida, me vejo muito curiosa com o outro lado da câmera quando estou em set. Puxando a minha pulguinha de volta pra escrever, desenvolver um roteiro em que possa contar uma história na perspectiva sendo uma imigrante no meu próprio país, reconhecendo minhas raízes e o lugar em que estou agora.    Vejo um futuro de muita ocupação da arte nortista amazônica por aí, e que eu faço parte dele”,   conclui Iza.