• 18-10-2024

Inspirada nas misturas e transformações contínuas que formam novas identidades, originando as sociedades crioulas, as peças unem a inovação ao tradicional para criar o inesperado

 

O novo nasce da mistura e dá vida ao único. A coleção Criola, criada por Angela Brito e que será apresentada na São Paulo Fashion Week, no dia 19 de outubro, às 11h30, no Shopping Iguatemi, é a reafirmação da força de uma identidade fruto de miscelânias culturais. Evidenciando a origem em comum das múltiplas identidades que formam o Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e tantas outras, a estilista exalta a beleza dos encontros entre povos no Atlântico, formando um arquipélago cultural interconectado pela sociedade criola – ou crioula, como o brasileiro costuma falar.  

Essas comunidades vão além da simples miscigenação entre duas ou mais sociedades existentes; elas refletem as complexas relações e adaptações culturais em resposta à colonização, dando origem a uma identidade rica e plural. Nesta coleção, Angela Brito homenageia as mulheres crioulas e celebra as transformações das realidades culturais. É um convite a entender que as identidades não são fixas nem totalmente compreensíveis.

“Como sempre, estou falando de uma identidade da qual eu faço parte. Em sociedades crioulas, como Cabo Verde e o Brasil, ela é colocada em xeque, ao se questionar as novas individualidades, por serem originadas da mistura de diferentes povos. Mas, no meio de toda essa miscelânea, nasceu algo completamente novo, criando expressões culturais muito únicas e fortes. E foi exatamente esse o grande desafio desta coleção: trazer para a roupa o nascimento de uma nova perspectiva sobre a identidade, essa mistura cultural que leva a criação de algo inovador, algo crioulo”, destaca a estilista.

 

Ilustração Criola de AMADEO CARVALHO 7

 

 

Na coleção Criola, Angela alcança o seu objetivo e leva a inovação para as suas peças por meio dos volumes. A mulher crioula, ela está sempre cheia deles, pode ser na cabeça, nos acessórios, nos objetos ou nos filhos que precisam carregar. O design das peças levam dispositivos de carregamentos, enchimentos e formas inusitadas, inspirados no bombu mininu — uma amarração tradicional de Cabo Verde usada para carregar crianças. A fusão dos acessórios ao vestuário evocam a capacidade de transportar no próprio corpo afetivo as bagagens da história e da cultura, manifestando essa herança africana de maneiras inesperadas e criativas. 

Cada peça foi criada a partir da mescla da história com o futuro. Com redendê, tradicional técnica de bordado do Nordeste do Brasil, pánu di terá, que é o pano de tear caboverdiano, e com novas texturas criadas a partir do trabalho manual do capitonê, a coleção reúne 30 looks que expressam novas essências  com marcas de um passado vivo, mas aberta ao novo. 

 

Angela-brito-1
 

 

Os tons terrosos nos tecidos de algodão, cânhamo, seda e viscose e couro expressam os diversos lugares que carregam a memória  crioula: a natureza seca refletida no bege, verde e marrom. As peças também levam nuances de azul, em referência aos mares que compõem a natureza dessas comunidades e o amarelo da luz solar que faz parte da essência criola.   

Em homenagem à mulher crioula, o desfile será formado apenas por modelos femininas. E cumprindo mais um desafio nesta coleção, Angela Brito também será a responsável pelo styling da apresentação, com colaboração do Guilherme Alef 

O desfile receberá apoio do Grupo JCA/Cometa, Senac, Vicunha, Cataguases e hotelaria Charlie. E terá parceria com as marcas Quattre e Rayban 

Redação Africanize

Redação do Africanize