• 23-11-2024

Nos últimos anos vimos surgir alguns fenômenos da internet. Podíamos citar aqui, mas são pessoas brancas que juntaram ao redor de si uma trupe feroz de seguidores que confundem com ataque pessoal qualquer análise crítica sobre a estrutura das coisas.

 

Esse texto não é para discutir o fator mérito das pessoas ou páginas. Há motivos para que o público engaje essa ou aquela personalidade, mas veja que o perfil padrão para que marcas se interessem em patrocinar mídias e pessoas se mantém: pessoas e mídias  brancas.

 

Publicidade e dinheiro incentivam mais pessoas negras e indígenas a produzir conteúdo. O tempo inteiro trabalhamos em troca de visibilidade ou pequenos recebidos e, ao mesmo tempo, entregamos ao público conteúdo de qualidade, notícia, entretenimento, humor e, mesmo com milhares de seguidores, viver da internet parece não ser possível porque aparentemente as grandes marcas não enxergam produtores e páginas negras como potencialmente positivas para elas.

 

Se fosse para arriscar, eu diria que as marcas tem medo do víés crítico das mídias pretas. Queremos reconhecimento remunerado de nosso conteúdo, mas também queremos ter voz de continuar apontando as agruras que atingem nosso povo.

 

Pretos e indígenas consumem games, quadrinhos, cinema, cosméticos, e gostam de se ver refletidos. Um verdadeiro compromisso antirracista passa por reconhecer o papel de páginas como Africanize, Alma Preta, Trace Brasil, Notícia Preta e tantas outras na formação e informação da população, incluindo  os brancos.

 

Pessoas não brancas precisam do  triplo de esforço e dezenas de virais para talvez conseguir parceria e mesmo assim sem  a mesma valorização de um  criador de conteúdo branco.  Mesmo páginas negras enormes que produzem virais diários,  tem dificuldade em monetizar seu trabalho. As marcas parecem ter resistência em confiar sua imagem a rostos negros.

 

Acontece que os tempos tem mudado e muita gente sacou que preto compra e tem preferido comprar das mãos de outros negros. No fim será um tiro no pé.

 

Pretos são bons criadores e merecem ganhar pelo que fazem.