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Amin foi o único sobrevivente em sua vila após massacre em Myanmar, quando ainda criança.
A cidade de Cox’s Baza r, em Bangladesh , abriga o maior acampamento de refugiados do mundo, com cerca de um milhão de imigrantes da etnia Rohingya . Em uma viagem que leva dias de caminhada por selvas e montanhas, ou por travessia marítima perigosa no Golfo de Bengala , os refugiados partem para o país fugindo da perseguição do governo de Myanmar, sua terra natal.
Foi também em Bangladesh que Amin Khairul , 28, buscou refúgio quando, aos 11 anos de idade, viu-se como o único sobrevivente de sua vila após massacre do governo de Myanmar. Ainda criança e sem a presença de familiares, iniciava ali sua trajetória de vida como refugiado rohingya, minoria étnica muçulmana não reconhecida pelo governo local, budista. A perseguição em solo mianmarense faz com que os rohingya não sejam considerados cidadãos do país e não tenham direitos básicos. São apátridas.
A luta da minoria étnica no Myanmar pelo reconhecimento de suas crenças e posterior cidadania é antiga, e se acirra ainda mais com o histórico de golpes militares no país. Em 2017, por exemplo, a repressão dos militares forçou a fuga de cerca de 750 mil rohingya para Bangladesh , após a atuação brutal do exército birmanês ao longo dos anos, com relatos de assassinatos, incêndios criminosos e violações de direitos humanos das mais diversas.
Para Amin , Bangladesh não foi o destino final. Após a chegada no país, o jovem partiu para o Paquistão , o Irã , a Turquia e, por fim, a Grécia , onde encontrou o Planeta de TODOS , em 2018, ONG dedicada ao acolhimento de refugiados. Ele vivia em Atenas quando foi selecionado para integrar o projeto e como já falava sete línguas, recebeu capacitação para trabalhar como intérprete e mediador cultural. Após um ano e meio no projeto, já com contrato de trabalho, tornou-se independente. Hoje, Amin trabalha em uma organização grega de apoio a menores refugiados desacompanhados, acolhendo crianças e adolescentes que vivem a mesma história que um dia ele viveu.
“Há quase duas décadas, a perseguição contra a etnia rohingya gerou um impacto irreversível em minha vida. Sem a minha família, ainda criança, me tornei um refugiado e, hoje, me dedico a acolher crianças e adolescentes que estão passando pela mesma violência, na esperança de um futuro melhor, com segurança e oportunidades” , destaca Amin.
Oito anos depois de conhecer o projeto, com um passaporte emitido com o título de apátrida, Amin se prepara para o reencontro com André Naddeo , diretor-executivo do Planeta de TODOS, em solo brasileiro. No dia 20 de junho, o rapaz participará de um evento no Dia Mundial do Refugiado , em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde fica a primeira casa-abrigo da ONG no Brasil, inaugurada em março deste ano.
“O Planeta de TODOS já atendeu 162 jovens refugiados de 27 nacionalidades diferentes, todas de comunidades vulneráveis e que recebem pouca atenção, seja dos governos ou mesmo da mídia. A condição de refúgio em si é uma situação de vulnerabilidade, então a vinda do Amin poderá ser um momento de esperança por uma vida possível para os afegãos que estão em acolhimento aqui em Ribeirão. Será muito simbólico possibilitar o encontro do Amin com os rapazes em nossa primeira casa-abrigo no Brasil”, ressalta Naddeo.
Para participar do evento organizado pela ONG Planeta de TODOS , em alusão ao Dia Mundial do Refugiado , basta acessar o link de exibição on-line, gratuito e aberto ao público. O evento on-line e gratuito contará também com a participação dos refugiados afegãos do projeto social de Ribeirão Preto , que compartilharão suas histórias e como o refúgio lhes possibilitou novos recomeços.
Redação do Africanize
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