Atriz Isis Broken representa sergipe, a comunidade trans e afro-indígena em nova novela da TV Globo

Em uma conversa com a Africanize, Isis compartilhou como está sendo atuar em uma novela em todo o território nacional, como uma representante de Sergipe, uma mulher trans e afro-indígena.  

“A novela é como uma luva perfeita, permitindo que o público de todo o Brasil mergulhe na diversidade do Nordeste. Meu sotaque está ali, representando minha essência e meu povo, é a nossa gente na tela. É uma novela muito linda, mostrando que o nordeste não é um só, são diversos sotaques, várias cores, vários sabores, uma diversidade de cultura. Então, os telespectadores vão amar conhecer essa beleza que chamamos de nordeste, bonito, educativo e lúdico também”, diz Isis.  

Da Música à Atuação  

Isis começou sua carreira como cantora e agora está se descobrindo como atriz. Ela vê essas duas formas de expressão como complementares em sua vida artística.  

“Cantar é algo que está comigo desde nova, que eu amo fazer e uma parte essencial da minha identidade. Quando escrevo e canto minhas músicas, eu mostro quem eu sou, minhas raízes, minhas lutas, minhas conquistas, minhas múltiplas vertentes. O que me levou à jornada de atriz também. Comecei a fazer meus vídeos e clipes, acabei me acostumando com as câmeras. Uma coisa ficou ligada a outra. A atuação foi algo repentino, quando recebi um convite da Globo para atuar, decidi fazer um curso de atriz, oferecido por eles mesmo, e assim acabei conquistando meu primeiro papel, Mateusa de ‘Histórias Impossíveis’, da Globoplay”, compartilha Isis.  

Desafios e Conquistas  

Isis acredita que tudo que ela conquistou foi muito difícil, principalmente sendo uma mulher trans, afro-indígena e nordestina. Ela sempre enfatiza que tudo é sempre muito mais difícil quando você não é uma pessoa cisgênera.  

“Então, pra mim sempre foi 4, 5, 6 vezes mais difícil, porque tudo que eu conquistei foi com muito suor, com muita lágrima, com muito trabalho, com muito esforço”, diz Isis.  

Retratando a Diversidade Cultural e Regional  

A novela “No Rancho Fundo” aborda muitos “Nordestes que existem no Nordeste”. Isis se preparou para retratar essa diversidade cultural e regional em sua atuação.  

“Acho que isso é bem natural pra mim, porque Corina Castello é uma brasileira, uma nordestina. Eu sou do Nordeste, uma região onde a diversidade cultural é uma constante, assim como os desafios de não viver em grandes metrópoles. Nossa novela presta homenagem a esse povo, suas tradições, riqueza cultural e suas batalhas” , explica Isis.  

Aspirações para o Futuro  

Isis tem alguns projetos para este ano além da novela. Um deles é a estreia de um documentário sobre Apolo, seu filho, fruto de um relacionamento transcentrado, no qual seu esposo, que é um homem trans, engravidou. O documentário narra a história deles durante a gestação do filho, com co-direção de Tainá Muller.  

Além disso, ela está no processo de produção de um novo álbum intitulado “Orquestra Sinfônica das Cachorras de Rua”, que explora um lado mais sensual, trazendo as suas experiências na região sudeste do país, diferente de seu último projeto musical, “Bruxa Cangaceira,” que é um manifesto trans, nordestino e político.  

“E para o futuro, quero continuar levando a representatividade, para as telas da TV e cinema, com novelas, séries e filmes, e para além disso, ser permanente nesses espaços, o que é muito importante para esses corpos trans. E também cantar, porque também gosto muito” , conclui Isis.